O que são os "Pandora Papers" e quem são os políticos portugueses envolvidos

Tomás Albino Gomes
Tomás Albino Gomes

“Pandora Papers” é a nova investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, o mesmo que revelou o “Luanda Leak” e os “Panama Papers”, que põe a descoberto os segredos financeiros de 35 líderes mundiais (atuais e antigos) e de mais de 330 políticos e funcionários públicos, de 91 países e territórios, entre os quais Portugal, que esconderam fortunas e propriedades para fugir aos impostos.

O consórcio considera que esta é a "maior fuga de informação" sobre offshores da História. No total são 12 milhões de ficheiros com origem em 14 escritórios de advocacia especializados em registar companhias offshore em alguns dos maiores paraísos fiscais do mundo, como as Bahamas, o Panamá e as Ilhas Virgens Britânicas.

Segundo o jornal Expresso, que faz parte do consórcio, há três portugueses envolvidos: os antigos ministros Nuno Morais Sarmento e Manuel Pinho e o advogado e antigo deputado socialista Vitalino Canas.

As razões pelas quais os nomes aparecem associados à investigação são diferentes. Nuno Morais Sarmento, advogado, atual vice-presidente do PSD e antigo ministro nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes, foi o beneficiário de uma companhia offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas que serviu para comprar uma escola de mergulho e um hotel em Moçambique. Vitalino Canas, advogado, deputado socialista entre 2002 e 2019, secretário de Estado nos governos de António Guterres e porta-voz do PS durante a era José Sócrates, consta nos “Pandora Papers” por lhe ter sido passada uma procuração para atuar em nome de uma companhia também registada nas Ilhas Virgens Britânicas. Já Manuel Pinho, antigo administrador do BES, ministro da Economia no governo de Sócrates entre 2005 e 2009, e atualmente professor na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, foi beneficiário de três companhias offshore que já são do conhecimento público, por estarem envolvidas num inquérito-crime ainda em curso sobre a EDP.

Entre os nomes referidos no contexto internacional, estão o rei Abdallah II da Jordânia, o primeiro-ministro da República Checa, Andrej Babis, e o Presidente do Equador, Guillermo Lasso, revela a investigação, publicada em órgãos de informação como The Washington Post, BBC e The Guardian.

A investigação revela ainda novos detalhes sobre importantes doadores estrangeiros do Partido Conservador do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e detalha atividades financeiras questionáveis do "ministro oficioso de propaganda" do Presidente russo, Vladimir Putin.

Tony Blair e a mulher também são visados na investigação por terem adquirido um imóvel avaliado em 7,6 milhões a uma offshore que pertence à família do ministro do Bahrain Zayed bin Rashid al-Zayani.

O círculo próximo do primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, é denunciado por ter escondido milhões de dólares em empresas e entidades externas.

Também o Presidente queniano, Uhuru Kenyatta, e seis membros da sua família são denunciados por deterem, em segredo, pelo menos 11 empresas no estrangeiro, uma das quais avaliada em 30 milhões de dólares.

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