Biden e a visita surpresa à Ucrânia. O que aconteceu?

Alexandra Antunes
Alexandra Antunes

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou hoje de manhã a Kiev para uma visita não anunciada, a primeira desde o início da invasão russa.

Como surgiu esta visita surpresa?

Biden tinha anunciado, no sábado, que ia visitar a Polónia esta semana, flanco leste da NATO, para analisar a evolução da guerra na Ucrânia.

Na altura, o porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, John Kirby, apresentou a agenda do chefe de Estado norte-americano para a viagem, referindo que não estava previsto nenhum encontro entre Biden e Zelensky.

A deslocação foi decidida na sexta-feira, após uma reunião de Biden com o seu principal grupo de especialistas de segurança, e organizada com o maior secretismo, tendo o presidente partido de uma base aérea perto de Washington, no domingo, ao início da manhã.

De recordar que esta visita acontece depois de Biden ter estado com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nos EUA, em 21 de dezembro. A visita histórica do chefe de Estado ucraniano a Washington foi a sua primeira viagem ao estrangeiro desde o início da guerra no país, em fevereiro do ano passado.

Esta visita apresentava algum perigo para Biden?

A quatro dias do aniversário da invasão russa, as sirenes de ataque aéreo soaram na capital da Ucrânia durante a visita de Biden.

O presidente dos EUA saía de uma igreja onde esteve durante alguns minutos com Volodymyr Zelensky quando as sirenes começaram a tocar, sem provocar pânico.

Contudo, soube-se depois que os Estados Unidos avisaram a Rússia da visita do seu presidente à Ucrânia antes de este partir, para "fins de desanuviamento".

"Avisámos, de facto, os russos de que o Presidente Biden ia deslocar-se a Kiev. Fizemo-lo algumas horas antes da sua partida", declarou Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca.

Sullivan, que também foi a Kiev, indicou que "devido à natureza sensível dessas comunicações", não queria "entrar em pormenores sobre a forma exata como eles responderam ou sobre a natureza precisa da mensagem" norte-americana enviada.

Segundo Jake Sullivan, a visita "exigiu medidas logísticas e operacionais de segurança adicionais", ao nível dos padrões dos Estados Unidos, para "levar a cabo uma operação inerentemente arriscada de modo a que o risco fosse controlável".

"É claro que o risco continuava a existir (…) numa iniciativa como esta, mas o presidente Biden considerou que era importante realizar esta viagem", sublinhou o conselheiro.

O que diz Zelensky sobre o encontro de hoje?

O presidente ucraniano apontou hoje a visita surpresa a Kiev do seu homólogo norte-americano como "um sinal de apoio extremamente importante".

"Bem-vindo a Kiev, Joseph Biden. A sua visita é um sinal de apoio extremamente importante para todos os ucranianos", escreveu Zelensky na sua conta da rede social Twitter.

"O primeiro telefonema a dar o apoio à Ucrânia foi da Casa Branca. Obrigado pela sua liderança. Agradeço também pelo apoio bipartidário, pelo apoio do Congresso. Discutimos o que devemos fazer para parar a guerra, para ter sucesso nesta guerra, para tornar a Ucrânia ainda mais forte e como vencer este ano", escreveu no Telegram.

E Biden?

O presidente dos EUA prometeu mais armamento à Ucrânia durante a visita surpresa a Kiev e garantiu ao país o apoio inabalável dos Estados Unidos diante da invasão russa.

"Vou anunciar a entrega de outros equipamentos essenciais, incluindo munições de artilharia, sistemas de antiblindagem e radares de vigilância aérea", disse Joe Biden, segundo um comunicado da Presidência norte-americana.

Assim, Biden anunciou mais 500 milhões de dólares (cerca de 468 milhões de euros) de ajuda à Ucrânia, um novo pacote em que estão incluídas armas de longo alcance e ainda outro tipo de armamento que "não foi anteriormente fornecido", e referiu ainda futuras novas sanções contra elites e empresas russas que ajudam "a máquina de guerra da Rússia".

Até à data, os Estados Unidos enviaram ajuda militar e financeira à Ucrânia no valor de mais de 30 mil milhões de dólares (cerca de 27 mil milhões de euros), ao mesmo tempo que pressionaram os seus parceiros da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) para intensificarem o envio de armamento, incluindo os tão ansiados tanques Leopard 2.

*Com Lusa

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