Ao longo de um périplo pelos quatro pavilhões da Feira Internacional de Lisboa (FIL) são várias as microempresas que tentam captar a atenção dos investidores com ideias centradas na inteligência artificial, realidade aumentada ou nichos específicos do mercado tecnológico, mas algumas ‘startups’ optam por negócios 'fora da caixa'.
É o caso de Marcelo Gracietti, diretor-geral de uma empresa que quer introduzir a 'Uber dos helicópteros' no mercado europeu.
“A aplicação foi lançada há duas semanas, mas já estamos presentes em dez países diferentes, como Portugal, França, Reino Unido, Suíça ou Áustria”, explicou à agência Lusa o empreendedor, acrescentando que esta aplicação é “semelhante ao que a 'Uber Copter' está a fazer em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, mas, neste caso é pioneira na Europa”.
Basta descarregar a aplicação e é possível pedir um helicóptero “para ir do ponto A ao ponto B” e consultar “os preçários dos diferentes operadores”.
Marcelo Gracietti participa pela primeira vez na cimeira tecnológica e de empreendedorismo e disse “que não esperava um evento com uma dimensão tão grande” e com “tantas pessoas de diferentes países”, estando, por isso, esperançoso em conseguir atrair investidores e registar “pelo menos 100 pessoas na aplicação” durante os quatro dias em que o certame decorre em Lisboa.
Num dos outros pavilhões, Jonathan Aknin mostra aos curiosos dois protótipos de candeeiros de rua alimentados com energia solar e que possuem filtros interiores para purificar o ar em redor.
“Dentro da estrutura há uma ventoinha com três filtros e quando o motor [também alimentado pela energia solar] inspira o ar pelos orifícios ao longo do poste do candeeiro, vai atravessar os três filtros e sair quase 100% purificado”, explicitou.
Os protótipos ainda não foram para o terreno, mas o empreendedor já espera uma grande adesão por parte de pequenas e médias cidades: “Não acredito que as grandes cidades [como é o caso de Lisboa] queiram correr já o risco de investir em nós”.
A participação na Web Summit foi equacionada “não só para sensibilizar as pessoas e as motivar a terem consciência ambiental”, mas também “para atrair possíveis investidores” que estejam interessados em espalhar estes candeeiros pelas ruas dos centros urbanos.
De olhos postos em possíveis interessados que passem pelo 'stand', Siva Chennupati vai apontando para o seu protótipo de uma hélice que pode ser utilizada para captar energia solar, eólica, maremotriz e das ondas.
“Podemos recolher qualquer tipo de energia renovável com a tecnologia deste propulsor”, referiu, enfatizando “a versatilidade” de usos desta hélice, que pode também “ser utilizada para barcos”.
O diretor-geral da empresa responsável por esta tecnologia acrescentou também que para captar energia solar “basta substituir as pás da hélice por pás com painéis solares” e contou que o produto já foi utilizado para fins mais criativos.
“Houve uma pessoa que usou esta tecnologia para movimentar um tubarão mecânico”, afirmou.
O empreendedor comparou a cimeira realizada na capital portuguesa com outra na qual participou em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, e cuja entrada “foi muito mais cara”, mas que “não teve tanta gente e tantos investidores”.
Já Lucas Navarro, diretor-geral de uma ‘startup’ que criou “o Tinder dos locais”, tal como está exposto na breve descrição da aplicação no expositor, explicou que a microempresa quer colmatar uma lacuna existente na procura “de lugares para sair”.
“Não há uma plataforma que centralize as atividades disponíveis para as pessoas fazerem fora de casa [com base nos seus interesses]. Queremos centralizar os dados para que seja tão fácil quanto encontrar um filme na Netflix”, explicou o responsável pela aplicação de origem brasileira.
No futuro, a aplicação, que ainda tem dois meses e aguarda a validação do produto, pretende expandir para “conectar pessoas” que tenham “procurado pelo mesmo evento ou atividade”.
Além de conhecer investidores, Lucas Navarro pretende “captar novas ideias” neste certame tecnológico e de empreendedorismo.
Fundada em 2010 por Paddy Cosgrave, Daire Hickey e David Kelly, a Web Summit é considerada um dos maiores eventos de tecnologia, inovação e empreendedorismo do mundo e evoluiu em menos de seis anos de uma equipa de apenas três pessoas para uma empresa com mais de 150 colaboradores.
A cimeira tecnológica, que nasceu em 2010 na Irlanda, passou a realizar-se em Lisboa desde 2016, vai manter-se na capital até 2028, depois de, em novembro do ano passado, ter ficado decidida a permanência da conferência em Portugal por mais 10 anos, após uma candidatura com sucesso.
O evento realiza-se em Lisboa, teve início na segunda-feira e decorre até quinta-feira.
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