No ensino superior, é fundamental que os estudantes adquiram competências fundamentais que são "úteis para a vida", como é o caso da Física, da Química, da Matemática. "São as mais estáveis, perenes, difíceis e as que vão poder usar ao longo das várias aprendizagens e conversões ao longo da vida", defende Pedro Guedes de Oliveira, professor emérito da Universidade do Porto.

Se esta é a preocupação com quem chega à universidade, há outra bem maior que envolve cerca de metade da população portuguesa que não tem além do ensino básico. “Temos uma qualificação deficiente em relação aos países com os quais competimos. Uma população em que, segundo dados de 2016, 50% tem essencialmente o ciclo básico, não tem sequer o ensino secundário e menos ainda superior. O problema é que estes 50% comparam com números na Europa que são 16 ou 17%” - e aqui reside uma boa parte do desfazamento de competências, mesmo que atualmente 25% da população já chegue ao ensino superior.

Aquilo que que é "muito animador", segundo Pedro Guedes de Oliveira, " é que de 2000 para 2016 a mudança é abissal para melhor, mas a fotografia ainda é pobre". Mais pobre ainda no que respeita aos empregadores onde a situação daqueles que têm exclusivamente o ensino básico é igual ou superior à dos empregados "e ainda compara pior com os dados europeus”.

As baixas qualificações são uma das razões identificadas como obstáculo ao desenvolvimento das empresas, quer porque os gestores têm dificuldade em acompanhar as mudanças, quer porque não sentem vontade - ou capacidade - para liderar pessoas mais qualificadas que eles. "A tendência é para uma atitude conservadora porque a inovação exige uma capacidade de aprender, de mudar e enfrentar coisas novas"

Também ao nível da universidade se colocam desafios, como por exemplo o de compatibilizar formas diferentes de avaliar. Luís Marques Ferreira, professor auxiliar da Universidade de Aveiro, conta o caso de um aluno de doutoramento numa universidade espanhola que pediu equivalência para cursar na universidade de Aveiro e onde se deparou com um problema: na Universidade de Barcelona as classificações são qualitativas e não numéricas e o processo de conversão está longe de ser fácil.

Mesmo que os docentes sejam cada vez mais sensíveis à necessidade de integrar formas diferentes de avaliar e de não parametrizar a avaliação pelo tradicional zero a vinte.

<iframe src="https://www.facebook.com/plugins/video.php?href=https%3A%2F%2Fwww.facebook.com%2F24sapo%2Fvideos%2F2127907077525289%2F&show_text=0&width=560" width="560" height="315" style="border:none;overflow:hidden" scrolling="no" frameborder="0" allowTransparency="true" allowFullScreen="true"></iframe>

A sessão do TechDays sobre Talentos e Competências Moderação contou com a participação de Pedro Guedes de Oliveira professor emérito da Universidade do Porto e coordenador-geral do INCoDE.2030, Fernando Almeida, managing partner da Boyden, Luís Marques Ferreira professor auxiliar convidado da Universidade de Aveiro, Paulo Martins,  COO & Co-founder da Present Technologies A moderação esteve a cargo de Isabel Tavares, jornalista do SAPO24 e o encerramento foi realizado por Francisco Beirão, coordenador da delegação de Lisboa do Fórum Oceano.