O presidente-executivo (CEO) da Uber Travis Kalanick anunciou esta terça-feira que tirar uma licença sabática. A decisão foi feita através de comunicado interno e num momento em que a empresa encara importantes reformas para enfrentar as acusações de má conduta corporativa.

Uma das coisas que terá pesado na decisão do presidente da plataforma terá sido a morte da sua mãe, que faleceu recentemente num acidente de barco. "Preciso de algum tempo para processar o luto" e "refletir, trabalhar em mim próprio e concentrar-me na construção de uma liderança mundial", escreveu.

"É difícil determinar por quanto tempo, pois pode ser mais curto ou mais longo do que o esperado", disse Kalanick no e-mail aos seus funcionários. "Se vamos trabalhar pela Uber 2.0, também preciso de trabalhar no Travis 2.0 para me tornar o líder que esta empresa precisa e que vocês merecem", afirmou.

Esta decisão deixa a Uber sem um presidente, ainda que fique uma equipa de gestão da sua confiança a chefiar a companhia durante o tempo que estiver ausente.

Na semana passada foram despedidos cerca de 20 funcionários, depois da empresa ter recebido 215 queixas internas cujas acusações relatam casos de abuso sexual e discriminação.

Ainda neste âmbito legal, o governo dos Estados Unidos abriu uma investigação penal contra a Uber, suspeita de ter utilizado um software para que seus os motoristas evitassem ser detectados pelas autoridades nas áreas onde os seus carros não tinham autorização para operar.

No último ano Kalanick e a plataforma tem estado no centro de várias polémicas. Em fevereiro, Susan Fowler, uma engenheira que trabalhou na Uber de novembro de 2015 até dezembro de 2016, publicara um artigo no seu blog pessoal no qual revela que abandonou a sua posição na empresa por ter sofrido assédio sexual e que o departamento de recursos humanos nada fez perante as suas inúmeras queixas sobre o sucedido. Para fazer face a este problema, foi anunciada a contratação de Eric Holder, antigo Procurador Geral dos EUA durante a administração de Barack Obama, para levar a cabo uma investigação sobre as condições de trabalho na companhia e tentar reduzir o escândalo.

Em março, o patrão da Uber está envolvido novamente em polémica devido a um vídeo divulgado pela Bloomberg. Desta vez, envolto neste novo episódio, está um motorista da própria empresa, que discorda do preço das viagens que são praticados noutros serviços. O que levou a mais um pedido de desculpas de Kalanick, desta feita aos seus motoristas.