O autor do projeto “Google Earth na Sala de Aula”, o engenheiro geógrafo Luís Antunes, explicou à Lusa que o projeto nasceu com o objetivo de "capacitação da comunidade educativa". "O objetivo foi criar um projeto educativo sem fins lucrativos que permitisse a toda a comunidade educativa ter acesso gratuito a recursos cartográficos, de vários temas e conteúdos programáticos, de modo a serem consultados, apresentados e partilhados numa plataforma geográfica gratuita e de fácil manuseamento: o Google Earth", explicou.

A utilidade da aplicação no terreno foi já demonstrada em fevereiro de 2010, quando a Madeira registou enxurradas que fizeram 43 mortos e seis desaparecidos. Neste caso, foi uma ajuda para os salvamentos.

“Na altura, foram atribuídas coordenadas de GPS a cada toponímia de lugar, o que permitiu a algumas equipas do continente conhecerem os lugares, já que a informação permitia ir aos locais não pelo nome, mas pelas coordenadas", explicou Luís Antunes.

Em 2013, foi criado um livro, resultante da formação dada pelo engenheiro desde 2006 a professores, sobre o manuseamento da aplicação do Google.

Ao nível do impacto na sala de aula, Luís Antunes destaca a mudança de paradigma, por se deixar de apresentar mapas em papel, para explorar locais de forma dinâmica. Foi por este motivo que, num ‘workshop’ que deu na região, um aluno descobriu, através de um dos mapas, que a sua casa estava inserida numa reserva natural.

"Houve nessa criança um despertar da consciência e a primeira coisa que ele disse foi ‘e agora, o que faço?’", comentou o mentor do projeto, acreditando ter contribuído para uma alteração de comportamentos.

Um dos últimos mapas produzidos tem mais de 1.500 topónimos da ilha da Madeira. Em breve, lançará outro abrangendo outros países. "O próximo mapa que vou publicar é sobre os castelos e fortificações militares criadas por portugueses, não só em Portugal, mas pelos países onde os portugueses deixaram a sua marca", disse.

Mas Luís Antunes tem mais mapas disponíveis, como nos casos das levadas da Madeira, das áreas protegidas, da visita geológica à Madeira, dos recursos hidrográficos e dos limites administrativos, com dados de Censos de 1864 a 2011.

No Brasil, a iniciativa tem três mapas lançados, mostrando recursos hídricos e limites administrativos, baseados em Censos de 1872 a 2010.

Os recursos cartográficos que são usados de base são, na sua maioria, dados oficiais produzidos por entidades públicas responsáveis pela sua gestão.

"A fonte dos dados são entidades credíveis, atribuindo maior credibilidade e fidedignidade aos mapas, fundamental para o uso dos conteúdos para fins educativos”, relatou, explicando ter “uma série de protocolos com entidades nacionais e internacionais para a cedência dos dados".

O ‘site’ oficial é projeto contém as explicações para uso da aplicação.