![Empresas estatais chinesas criaram quase 100 centros de investigação desde 2022](/assets/img/blank.png)
O programa, dirigido pelo Estado, faz parte de um esforço mais amplo de Pequim para contrariar as tentativas de Washington de conter o progresso tecnológico da China, escreveu o jornal de Hong Kong South China Morning Post.
O projeto – que é liderado pela Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais da China (SASAC) – identificou 201 campos de investigação, em 60 setores industriais, nos quais pretende alcançar avanços, de acordo com anúncios do governo e notícias difundidas pela imprensa estatal.
O programa foi lançado com a aprovação da Comissão Central para o Aprofundamento Global da Reforma – um órgão dirigido pelo Presidente chinês, Xi Jinping, – em fevereiro de 2022.
A SASAC, que supervisiona 90 biliões de yuan (11,7 mil milhões de euros) de ativos pertencentes a 98 empresas estatais controladas pelo governo central da China, criou um gabinete de inovação tecnológica no mesmo ano.
A campanha está envolta em mistério, uma vez que Pequim não divulgou uma lista completa dos gigantes industriais estatais envolvidos e dos projetos de investigação que estão a desenvolver, acrescentou o SCMP.
Os avanços da China na inteligência artificial, por exemplo, sacudiram já os mercados norte-americanos, depois de a plataforma DeepSeek surgir como concorrente direta da OpenAI, criadora do ChatGPT.
O país tem também progredido na indústria dos robôs humanoides, capazes de utilizar ferramentas e operar em ambientes humanos, como casas, hospitais ou lares de idosos.
“Prevê-se que os robôs humanoides se tornem na próxima inovação revolucionária, a seguir aos computadores, telemóveis e veículos de nova energia, transformando profundamente a produção, os estilos de vida humanos e a paisagem industrial global”, lê-se numa diretriz do Ministério da Indústria e das Tecnologias da Informação da China.
A China assumiu também a liderança no fabrico de veículos elétricos, com marcas como a BYD, Xpeng ou NIO a ameaçar agora o ‘status quo’ de uma indústria dominada há décadas pelas construtoras alemãs, japonesas e norte-americanas.
“As empresas públicas desempenham um papel fundamental no sistema nacional de inovação e são pilares do avanço tecnológico da China”, afirmou Yuan Ye, vice-presidente do órgão que controla os ativos do Estado, numa conferência de imprensa, no final de janeiro.
Nos últimos dois anos, as empresas públicas realizaram progressos em vários domínios, como o lançamento de um protótipo do CR450 – o comboio comercial mais rápido do mundo, com uma velocidade de 400 quilómetros por hora – em dezembro passado.
Outros marcos importantes foram a sonda Chang’e-6, que recolheu as primeiras amostras do lado mais distante da lua, e um veículo de extração mineira em águas profundas, que concluiu com êxito o seu primeiro ensaio.
A SASAC comprometeu-se a alinhar-se com as necessidades estratégicas da China, dando prioridade à procura de descobertas em “tecnologias disruptivas de ponta” e à promoção da inovação industrial.
As áreas mencionadas incluem a informação quântica, as redes móveis 6G, a exploração das profundezas da Terra e do mar, a fusão nuclear controlada e os materiais avançados.
O vice-diretor da SASAC, Wang Hongzhi, instou também as empresas públicas controladas pelo governo central a concentrarem-se no desenvolvimento de novos algoritmos, a aumentarem a capacidade de computação e a explorarem novas aplicações para a inteligência artificial nas indústrias tradicionais.
Os rápidos progressos tecnológicos alcançados pela China através de iniciativas estatais, como o plano Made in China 2025, fizeram soar o alarme em Washington, no início deste mês, com os membros de um painel numa audiência do parlamento dos Estados Unidos a avisarem que o país corre o risco de perder “a próxima revolução industrial”.
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