Através de um jogo disponibilizado na Internet chamado "Moral Machine" ("máquina com moral"), os autores do estudo recolheram quase 40 milhões de respostas dadas por dois milhões de pessoas de 233 países e territórios a dilemas que os veículos autónomos poderão ter que responder na estrada.

A equipa do Instituto Tecnológico do Massachussetts (MIT, na sigla em inglês) pediu aos participantes que apreciassem variações de cenários de acidente iminente, em que o veículo teria que optar entre duas ações, em que em ambas poderiam morrer pessoas.

No caso de automóveis sem condutor, poderiam ter que se desviar para atingir um grupo pequeno em vez de um grande grupo de pessoas.

"No estudo procurámos perceber o tipo de decisões éticas que os carros sem condutor terão que fazer", afirmou Edmond Awad, o principal autor do trabalho publicado na revista especializada Nature.

Embora haja diferenças regionais, a equipa detetou três ideias em que a maioria das pessoas está de acordo: a vida dos seres humanos vale mais do que a dos animais, é melhor salvar um grupo grande de pessoas do que um grupo pequeno e, quando necessário escolher, a vida dos mais novos tem prioridade sobre a dos mais velhos.

"O grau de concordância com estes princípios varia conforme os grupos demográficos ou os países", assinalou, referindo que nos países asiáticos há mais pessoas a escolher a vida de um idoso em desfavor de um jovem, ao contrário do que acontece nos países do hemisfério Sul.

Awad afirmou que se deve reconhecer este tipo de inclinações éticas diferentes no debate sobre este tema.

"Por um lado, queríamos dar ao público uma maneira simples de se envolver numa discussão social importante, mas por outro queríamos recolher dados para identificar quais os fatores que as pessoas pensam que são importantes para os carros autónomos".