“As empresas devem-se proteger contra este tipo de ataques por parte de ‘hackers’, ativistas e não só, organismos políticos externos ou internos. Devem-se proteger através de normas que visam a proteção de uma organização”, afirmou André Baptista, em declarações à Lusa, no âmbito de um trabalho preparatório sobre ‘fake news’, tema de uma conferência, a realizar em 21 de fevereiro, em Lisboa, e organizada pelas duas agências noticiosas de Portugal e Espanha, Lusa e Efe, com o título “O Combate às Fake News - Uma questão democrática”.

O investigador do Centro de Competências em Cibersegurança e Privacidade (C3P) da Universidade do Porto e do INESC TEC salientou que, enquanto empresas com uma exposição pública constante, os meios de comunicação social “têm ‘sites’ e estão sujeitos a serem atacados e a ver a publicação de informação que é falsa”, levando à potencial transmissão de falsidades “e em que as pessoas podem acreditar, o que é algo extremamente perigoso”.

André Baptista, que no ano passado foi classificado como “’hacker’ mais valioso do mundo” depois da participação no evento H1-202, sugeriu, por exemplo, que as empresas mais expostas realizem as chamadas ‘bug bounties’, em que abrem os sistemas “para serem testados por investigadores na área da segurança de todo o mundo”.

“Cada investigador pode reportar uma determinada vulnerabilidade a troco de pontos ou fundos ou até mesmo dinheiro. […] Este modelo está a funcionar muito bem hoje em dia e penso que é algo que grandes empresas nesta área e noutras, obviamente, devem implementar”, afirmou André Baptista.

O investigador apelou ainda a uma maior consciencialização do público em relação à desinformação, com o alerta de que “não devem acreditar em tudo o que veem na Internet”.

Numa escala mais abrangente, André Baptista propôs a implementação, a nível nacional, de “mecanismos de ‘fact-checking’ [verificação de factos] de forma a poder informar as pessoas de que a notícia x que está a ser viral tem factos que não são verdadeiros”.

As ‘fake news’, comummente conhecidas por notícias falsas, desinformação ou informação propositadamente falsificada com fins políticos ou outros, ganharam importância nas presidenciais dos EUA que elegeram Donald Trump, no referendo sobre o ‘Brexit’ no Reino Unido e nas presidenciais no Brasil, ganhas pelo candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro.

O Parlamento Europeu quer tentar travar este fenómeno nas europeias de maio e, em 25 de outubro de 2018, aprovou uma resolução na qual defende medidas para reforçar a proteção dos dados pessoais nas redes sociais e combater a manipulação das eleições, após o escândalo do abuso de dados pessoais de milhões de cidadãos europeus.