Nuno foi uma das primeiras pessoas que encontrámos assim que chegámos ao L'Elysée Montmartre, depois de tratarmos do processo de acreditação no MaMA - Festival and Convention, que decorreu de 16 a 19 deste mês, em Paris. Foi no corner do JUMP, programa que integram desde março que o vimos; uma cara conhecida entre centenas da indústria da música.

Faltavam poucos minutos para o pitch da Faniak, oportunidade para mostrar o seu projeto aos presentes e receber feedback de um grupo de jurados convidado pelo programa. Nos três dias, em Paris, seguir-se-iam um conjunto de workshops e conferências, especialmente selecionados para o seu projeto: a primeira plataforma tecnológica portuguesa a querer utilizar a inteligência artificial para ajudar as bandas a gerir datas de concertos, escolher as salas e comunicar com os fãs. A sua rotina foi a dos nove outros JUMPers.

Por um acaso, seria num evento organizado pela Portugal Muito Maior, que voltaríamos a falar. Entre queijos e vinho francês, sobre inovação e criatividade portuguesa. Madalena Pestana estava consigo.

Os dois fazem um balanço muito positivo da participação no JUMP, da qual destacam a “visibilidade” conseguida, o “sentimento de comunidade” entre JUMPers e o “acesso a muitos mais serviços, artistas e profissionais da música”.

“Há coisas que o dinheiro não compra e, mais dos que os contactos, as relações que se criam aqui, vão acompanhar-nos”, revela Nuno.

“Com o JUMP vamos direto às pessoas certas, neste ecossistema da música toda a gente diz que faz falta aquilo que estamos a oferecer e por isso estamos muitíssimo motivados”, remata Madalena.

Sobre a relação com o tutor — recorde-se que a cada projeto é associado um profissional da indústria que os acompanha ao longo do programa —, falam num “casamento feliz”. “Sentimo-nos muito apoiados pelo Yvan [Boudillet], fundador da Thelink, alguém muito experiente no meio e que trabalha agora em fazer a ponte entre o meio empresarial, a tecnologia e a música”. “É perfeito para nós”, diz Nuno.

Se fosse hoje, voltavam a inscrever-se no programa que, conta Madalena, descobriram pelo Instagram: “Vi um anúncio e disse ‘Nuno, falta pouco tempo, mas acho que devíamos concorrer’.

“Se eu fosse ao Web Summit e me dessem uma mão cheia de dinheiro, não ia pagar tudo o que estou a receber aqui”, acrescenta.

Outra diferença de certames de tecnologia como o Web Summit, diz Nuno, é que lá “estamos a falar muitas vezes para pessoas ligadas à tecnologia, mas que não percebem, muitas vezes, o que estamos a abordar. Porque estamos a trabalhar para os músicos”.

No entanto, foi na conferência que se realiza desde 2016 em Lisboa que a “grande mudança” no conceito da Faniak aconteceu. Em novembro do ano passado “deparámo-nos com um problema grave, não nosso, mas do mundo inteiro”, conta o português. "Precisávamos de muitos dados, porque trabalhamos com AI, e usávamos a API do Facebook. Com a polémica com a Cambridge Analytica, fecharam tudo”.

“A vantagem de ser uma startup, de sermos mais ágeis e de não termos uma estrutura pesada fez com que parássemos cinco minutos para repensar. E isso fez com que, num espaço de um mês, tivéssemos de fazer muita pesquisa para perceber como é que conseguiríamos ultrapassar esse problema”.

Foi nessa fase que concorreram, já com a nova ideia, ao JUMP. “Sermos aceites no programa foi mais uma validação de que estávamos no caminho certo”.

O JUMP abriu novas candidaturas ao programa de 2020. Na segunda edição, o programa com apoio da Europa Criativa, procura ideias e projetos inovadores na área da indústria musical.

(A jornalista esteve no MaMA Festival & Convention, em Paris, a convite da JUMP – European Music Market Accelerator.)

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