Em entrevista à agência Lusa, Duarte Dias, investigador do INESC TEC, explicou que as três tecnologias, já patenteadas, foram desenvolvidas no âmbito do ‘Vital Responder to Market Project’ (VR2Market), um projeto que termina este mês e que juntou investigadores portugueses e americanos.

As três tecnologias, internacionalizadas de acordo com o Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT), foram desenvolvidas no âmbito do Programa Carnegie Mellon-Portugal e, segundo o investigador, visam “a monitorização” dos profissionais que operam em ambientes de risco ou cenários perigosos, tendo sido já testadas em bombeiros e controladores de tráfego aéreo, por exemplo.

Segundo Duarte Dias, o primeiro dispositivo a ser desenvolvido pela equipa foi o ‘Medical device with rotational flexible electrodes’, uma ferramenta que, incorporada nos profissionais, permite adquirir o sinal fisiológico de cada um e, assim, fazer um eletrocardiograma.

“Conseguimos adquirir o sinal mesmo em cenários difíceis, o que normalmente não acontece porque são sinais de diagnóstico médico em que a pessoa está parada. Através de um pequeno ajuste conseguimos adquirir estes sinais com maior fidedignidade”, disse o investigador do Centro de Investigação em Engenharia Biomédica do INESC TEC.

Além deste equipamento, os investigadores desenvolveram mais duas ferramentas: o BEAT-STRESS, que determina e quantifica o índice de stress de cada profissional, e o BEAT-ID, que permite identificar a pessoa através do seu eletrocardiograma.

“Nós não nos focamos só na parte tecnológica, mas em mostrar os dados que recolhemos”, disse Duarte Dias, adiantando que o sistema desenvolvido incorpora igualmente uma “caixa ambiental” que permite medir os gases tóxicos e as temperaturas a que estes profissionais estão expostos.

“Com esta ferramenta nós sabemos a localização, as condições atmosféricas e as condições fisiológicas de cada pessoa”, disse o investigador, que acredita que o sistema desenvolvido é “importante” para a gestão de equipas, mas também para as empresas.

As três tecnologias desenvolvidas vão integrar os produtos de uma nova ‘spin-off’ do INESC TEC, intitulada WeSENSS, que visa o desenvolvimento de novos dispositivos tecnológicos aplicados a diversos tipos de profissionais e cenários.

À Lusa, Duarte Dias adiantou que apesar da equipa estar, neste momento, a monitorizar profissionais da área da indústria petroquímica, permanece à “procura de financiamento para a criação da empresa e avanço da tecnologia para o mercado”.

O término do VR2Market vai ser marcado esta quarta-feira com uma sessão protagonizada pelo INESC TEC, onde as tecnologias desenvolvidas vão estar em demonstração a partir das 16:00.

Além do INESC TEC, fizeram também parte deste projeto o Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro (IEETA), o Instituto de Telecomunicações, o Carnegie Mellon University -Robotics Institute, Pitsburgh e Carnegie Mellon University – Silicon Valley.