Em tempos de crise, a colaboração é um ingrediente fundamental para a perseverança. Mais do que dizer que estamos todos juntos nisto, há que passar das palavras às ações, e um exemplo disso é a plataforma que a OutSystems criou para a Área Metropolitana de Lisboa (AML).
Especialista em ferramentas low-code — uma forma de programação de software mais intuitiva e eficaz — a OutSystems desenhou a “AML - Plataforma de Gestão Integrada (AML - PGI)” para permitir que os 18 concelhos que compõem a AML possam colaborar entre si na partilha de materiais necessários no combate à Covid-19.
Segundo fonte da OutSystems, o projeto nasceu no âmbito do programa “COVID-19 Community Response Program", no qual a empresa tem recolhido ideias propostas para criar projetos de combate à pandemia. “Uma delas veio da Câmara Municipal de Lisboa, do gabinete do vereador Miguel Gaspar, tendo como objetivo perceber como é que poderíamos melhorar a mobilidade e o transporte de bens essenciais dentro dos municípios da AML."
De acordo com a empresa, esta plataforma contém um “marketplace”, uma secção onde cada município integrante da AML pode “gerir, catalogar e pesquisar todos os produtos, equipamentos e serviços que disponibiliza, partilhar medidas implementadas, executar operações de reforço e resgate do seu próprio stock e ainda solicitar que lhes sejam cedidos recursos das autarquias vizinhas, com alertas automáticos sobre a disponibilidade de determinados recursos”.
Destinada apenas para uso de responsáveis municipais, e não para o público em geral, a “ideia é que todos os municípios insiram informação acerca de todos os produtos, equipamentos e serviços que têm disponíveis e que consigam partilhar entre si esses recursos”, refere a fonte da empresa.
A título de exemplo, “se o município de Mafra têm disponíveis gel desinfetante, máscaras e barreiras, e Cascais ou o Seixal necessitem desses recursos, esses municípios podem indicá-lo e pedir a partilha desses bens”, refere a empresa.
Para além disso, os municípios integrantes podem usar a plataforma para colocar as referências das empresas a que recorreram para que outras possam contactar esses fornecedores e podem ”informar de medidas que já estão a ser implementadas localmente”, tendo como objetivo a partilha de iniciativas para que todos estejam “totalmente cientes do que está a acontecer para também se poderem salvaguardar da melhor forma".
Segundo a OutSystems, a plataforma foi desenhada em duas semanas, devendo-se também a rapidez na sua criação ao facto de não ser “desenhada do zero”. “A Área Metropolitana de Lisboa já sabia que queria construir algo deste género e quando a Câmara Municipal de Lisboa entrou em contacto connosco, já sabíamos exactamente que tipo de recursos é que eles gostariam de introduzir e como”.
Para a construção da plataforma, foram tidas reuniões diárias para fazer testes e recolher feedback e as mudanças foram sendo introduzidas dia-a-dia, graças à velocidade que a programação em Low Code permite. “Durante uma semana foram realizados vários testes com os diferentes municípios para perceber que necessidades que cada um teria e a usabilidade da plataforma, para garantir que seria fácil de partilhar esta informação e fazer estes pedidos”, garante a empresa.
Assim, com as contribuições dos municípios, a plataforma está em funcionamento desde a passada sexta-feira, 10 de abril, sendo que já tem sido utilizada para recursos como “álcool em gel, desinfetante de evaporação rápida, luvas de nitrilo sem pó, máscaras cirúrgicas e óculos de proteção”. Segue-se a integração de outros equipamentos e bens como viaturas, alimentos ou espaços de alojamento.
Para além disso, a OutSystems regista, para já, “300 iniciativas que foram implementadas localmente pelos municípios da AML”, sendo que está nos planos da empresa alargar esta iniciativa para um âmbito nacional
Esta plataforma foi desenvolvida em conjunto com os serviços de sistemas e informação da Câmara Municipal de Lisboa, a consultora Deloitte, a empresa tecnológica Hi Interactive e todos os municípios da área metropolitana.
Este é um de 16 projetos distintos que integram o “COVID-19 Community Response Program”, sendo que outros quatro também já estão em funcionamento.
O “Todos por Um”, realizado em conjunto com o Hospital dos Lusíadas, assume-se como uma alternativa à Linha SNS24, sendo “uma aplicação que não só permite monitorizar o diagnóstico do utilizador e seu do agregado familiar, como permite um canal de comunicação direta com médicos e enfermeiros", contabilizando a empresa já 3700 profissionais de saúde registados.
Já o "Vent2Life", foi desenvolvido para ligar “staff hospitalar e técnicos de forma a garantir que se consegue consertar ventiladores que não estão a ser utilizados, para lhes dar uma segunda vida”.
No seu repertório de ferramentos desenvolvidas no âmbito da Covid-19, a OutSystems criou ainda o "Aldeias com Rede”, um projeto que começou em Proença a Nova, onde a empresa tem um escritório, para ligar “voluntários da região a pessoas idosas e com doenças crónicas que não conseguem sair nem devem de casa para lhes arranjar bens necessários e medicamentos”.
Outro projeto, que está praticamente finalizado, é o "Portugal entra em Cena", feito com o apoio institucional do Ministério da Cultura. A plataforma ainda não está operacional, mas o pré-registo já funciona, tendo como objetivo permitir a artistas que proponham “iniciativas em que possam participar e que sejam patrocinadas por empresas”. Neste momento, a fonte da OutSystems garante que já há 28 multinacionais e bancos de Portugal associadas à iniciativa.
Nem todos os projetos têm âmbito nacional, sendo que dos 11 que a empresa ainda está a desenvolver alguns, têm destinos tão variados como Holanda, Curaçao, Índia, África do Sul, Austrália e Noruega.
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