O painel tinha como título “How to live longer” (Como viver mais) e Peter Diamandis fez as honras da casa sem deixar créditos por mãos alheias. Disse que há algumas coisas que podemos fazer agora e outras que surgirão online nos próximos 20/30 anos, para somar mais 20 ou 30 anos saudáveis à nossa vida. “Exercício, (bom) sono, dieta e a mentalidade”, esta é a sua receita para as que podemos adotar já.

Sobre a importância da mentalidade (“mindset”), exemplifica com a situação que se verifica com alguns casais, em que, quando um morre, o outro acaba por morrer pouco tempo depois, por perder a “vontade de viver”. E, por isso mesmo, destaca a importância de ter um propósito na vida.

“A mentalidade é fundamental na questão da longevidade”, garante. “Se tiver vontade de viver, pode fazer coisas incríveis”. Não assume a afirmação como algo provado cientificamente, mas sim com base na sua experiência. Peter Diamandis defende que “ou é um problema de hardware ou de software”.

Na sua opinião, a computação quântica, a inteligência artificial (IA) e o machine learning vão ser fundamentais para a nossa longevidade. Quanto à edição genética, a possibilidade de editarmos o nosso “core”, por forma a evitar doenças, refere que, mesmo que inicialmente ocorram alguns erros, esta tecnologia será poderosa. Para Diamandis, chegaremos a um ponto em que poderá tornar-se “imoral” não corrigir uma doença genética familiar, “não editar o genoma de uma criança, sabendo que se pode corrigir”.

Sobre a oposição a este tipo de tecnologia e o impacto na noção de “vida", justifica com o facto de as pessoas serem resistentes à mudança e elucida, dizendo que se alguém sugerisse há centenas de anos a possibilidade de um transplante de coração ou até a fertilização in vitro, processos que hoje são vistos com naturalidade seriam considerados “trabalho do demónio”.

Diamandis acredita que, com o ritmo dos avanços científicos, será possível eliminar as doenças cardiovasculares e que o cancro será uma “doença do passado”, ainda esta década, e, posteriormente, as doenças neurodegenerativas. Seguir-se-á, na sua opinião, o aumento da longevidade até aos 120 ou 150 anos, através de uma reversão do processo de envelhecimento – neste caso, trata-se de reverter o envelhecimento dos órgãos. Para Diamandis, o próprio processo de envelhecimento passará também a ser visto como "uma doença".

No que diz respeito ao risco e controvérsia de ensaios em humanos, relembrou que têm obrigação moral e ética de assegurar que estão a praticar “boa ciência” e que, no caso de fazerem estudos em humanos, será de acordo com a regulamentação implementada.

Apesar da eventual relutância de muitas pessoas, que dizem que não devem (ou não é suposto) viver tanto tempo, Diamandis defende que há décadas a longevidade também era muito inferior à atual, e o importante destes desenvolvimentos será assegurar que se chegue a essas idades de forma saudável e eliminando o sofrimento, relembrado que muitas das nossas despesas em saúde são nos últimos anos de vida.

Questionado sobre se este tipo de tratamento e seleção genética poderá contribuir para agravar a desigualdade, o fundador da Singularity University  argumentou que as tecnologias de terapia genética não serão assim tão caras e comparou o preço dos tratamentos aos smartphones, que apesar de inicialmente serem caros, agora, encontram-se acessíveis a uma generalidade da população.

Por acreditar que estaremos, pela primeira vez, a atingir o pico da população mundial, Peter Diamandis sugere que o aumento da longevidade será importante, justificando que, depois do seu pico, a população mundial deverá diminuir acentuadamente.