E rumo ao futuro podem seguir 12 pessoas de cada vez, seis sentadas e outras tantas em pé, pelo menos no protótipo da Easymile apresentado esta segunda-feira, 8 de outubro, em Aveiro, e que poderá ser experimentado ao longo desta semana durante o TechDays, evento sobre inovação e tecnologia que a cidade promove. Trata-se de um veículo autónomo, elétrico e uma janela para aquilo que a tecnologia 5G nos pode trazer. Trocando por miúdos, dá a conhecer as redes do futuro, aquelas que serão capazes de ligar não apenas pessoas, mas objetos que passarão a falar connosco.
Já ouviu falar de Internet das Coisas (IoT acrónimo em inglês para Internet of Things)? Hoje as redes de comunicação têm capacidade para manter conectadas pessoas através de computadores e telemóveis, constantemente ligadas à Internet. O objetivo é que amanhã se juntem os carros, as luzes de trânsito, os eletrodomésticos, os dispositivos médicos e todo o tipo de sensores, recolhendo e partilhando dados entre si. Isso é IoT — e IoT não é possível sem redes de futuro. A rede 5G é significativamente mais rápida, tem capacidade para ter mais dispositivos ligados em simultâneo e diminui a latência (o tempo que uma informação demora entre a emissão e regresso ao remetente).
Mas subamos a bordo do “mini” autocarro com ares de cápsula que se estreou pelas ruas de Aveiro: o veículo chega à Veneza portuguesa graças a uma parceria entre a Câmara Municipal de Aveiro, a Altice Labs e a Ericsson. A cargo da também parceira CarMedia esteve a plataforma de distribuição de conteúdos multimédia a bordo deste autocarro. “Esta tecnologia permitirá no futuro estar no carro como se está no sofá da sala”, diz João Morais, gestor de produto da Ericsson.
De facto, sem a preocupação de conduzir ganha-se tempo, seja para atividades de lazer, seja para ir adiantando trabalho a caminho do escritório. Neste caso, através do ecrã instalado no centro do veículo é possível ver conteúdos desenvolvidos pela Altice Labs em parceria com a Universidade de Aveiro, e pode-se interagir com aplicações e aceder a serviços municipais.
"Toda a cidade está parametrizada e georeferenciada. À medida que o veículo se move aparecem aqui os pontos de interesse turístico e lojas, porque é importante apoiar o comércio tradicional. É uma experiência digital da cidade com conteúdo em alta definição, apenas possível quando se tem uma conectividade muito potente", detalha Javi García, cofundador da CarMedia. Mas há mais: um veículo autónomo e elétrico transporta em si mesmo a promessa de maior segurança rodoviária e de sustentabilidade ambiental — promessas da mobilidade de futuro, movida a inteligência artificial e suportada por infraestruturas de comunicação com grande capacidade.
Tirar a tecnologia dos laboratórios e aplicá-la na cidade
É a tecnologia ao serviço das pessoas, resume José Ribau Esteves, Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, que se propõe, até 2021, tirar a tecnologia dos laboratórios e aplicá-la na cidade. "Aveiro tem um ecossistema de agentes [empresas, universidades e centros de pesquisa] com competências, e que têm feito muito trabalho ao nível da investigação e desenvolvimento das tecnologias da informação, comunicação e da eletrónica. Estas apostas [tecnológicas] que vamos fazendo, em primeiro lugar, procuram rentabilizar esse ecossistema", diz o autarca, salientando porém que o objetivo final é "que a vida das pessoas seja mais agradável, ambientalmente mais equilibrada, mais barata e, portanto, aproveitada para as coisas boas".
E no que concerne as implicações da tecnologia 5G no futuro, a "imaginação é o limite", diz Alcino Lavrador, general manager da Altice Labs, reconhecendo porém que todas as mudanças tecnológicas são disruptivas, introduzindo, por exemplo, "alterações na forma como exercemos as nossas profissões". "Mas o que a História nos diz é que é maior a criação de emprego do que a destruição de emprego", salienta. Neste caso, novas funções e profissões que dão respostas a também novas necessidades. Os desafios estendem-se também no que toca a questões de privacidade e segurança, num universo em que a partilha de dados faz, literalmente, o mundo mover. Mas "a tecnologia por si só não pode fazer tudo, é necessário legislação e regulação que permita que a tecnologia traga benefícios" à vida das pessoas, salienta Tiago Rosa Limpo, Account Manager da Ericsson para a Ibéria e Marrocos.
Nesta viagem para o futuro, que é tão estimulante quando desafiadora, o bilhete ainda não é só de ida — até porque a autonomia desta boleia aveirense é ainda limitada, 15 horas no máximo e se abdicar do ar condicionado —, mas é certo que o futuro já esteve mais longe. Para já, descemos na próxima paragem: Aveiro TechDays, para acompanhar a par e passo no SAPO24 entre 11 e 13 de outubro.
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