Nos últimos anos, temos visto as startups a ganharem importância na economia Europeia e o tema escolhido para o evento de encerramento da presidência portuguesa na Comissão da União Europeia (EU) veio reforçar esta ideia. No dia 21 de junho, Portugal acolheu várias entidades numa conferência em formato digital, para que, sob o tema EU Next Generation Innovators Summit [Cimeira de Inovadores da Próxima Geração da Europa], partilhassem os seus conhecimentos e experiências com o objetivo de melhor perceber de que forma a Europa pode crescer e competir com os mercados tecnológicos na América do Norte e na Ásia.
Entre unicórnios [startups avaliadas em mais de 1000 milhões de euros], fundadores de startups, funcionários do governo e decisores a opinião foi unânime: as startups são essenciais não só para o crescimento da economia Europeia, mas também para a tornar líder de mercado.
A comissária responsável pela pasta da Inovação e Investigação, Mariya Gabriel, deu início à discussão relembrando que este é um momento crucial para a Europa, já que esta é a altura de repensar as políticas de inovação para o próximo ano. "Agora é tempo de unir esforços, agora é tempo de agir", afirmou. Apesar do investimento em startups digitais no Estados Unidos e na China ser, respetivamente, 6 e 3 vezes superior ao verificado na Europa, o Velho Continente tem uma base bastante sólida na qual se pode apoiar: a ciência. Considerando esta vantagem competitiva, para a comissária, o investimento em empresas digitais é importante, mas a grande aposta passará pelo investimento em Deep Tech [empresas baseadas em descobertas científicas ou inovações de engenharia] com uma componente de hardware. Mais importante que focarmo-nos na corrente onda de inovação será antecipar a próxima. Esse será o fator decisivo na definição geográfica do próximo centro de inovação.
O Secretário de Estado para a Transição Digital, André de Aragão Azevedo, aproveitou a ocasião para fazer um ponto de situação sobre a presidência portuguesa da Comissão da EU, dando destaque à declaração "Startup Nations Standards". Assinada por 20 Estados-membros em março deste ano, esta declaração descreve um conjunto de boas práticas em política pública, que visam captar e reter startups. É um importante passo para o futuro da inovação e digitalização na Europa, já que este documento demonstrou uma capacidade única: a de reunir o consenso quer dos atores políticos e governamentais, quer do ecossistema empreendedor.
O evento reuniu ainda, por um lado, um grupo de associações nacionais dos vários Estados-membros da área de empreendedorismo e, por outro, um conjunto de unicórnios europeus que discutiram vários temas, entre eles, a capacidade de atrair ou manter talento e financiamento, um dos grandes desafios na Europa.
Nuno Sebastião, CEO da unicórnio portuguesa Feedzai, descreveu o trabalho da startup, dando particular destaque àquele que tem desenvolvido com o governo americano. Para o fundador, não há qualquer necessidade de sair da Europa para se conseguir atrair clientes e investimento estrangeiros.
Já Peter Vesterbacka, fundador da empresa homónima do jogo que desenvolveu, Angry Birds, acredita que "se tivermos as melhores startups, o dinheiro virá", pelo que não vê o financiamento como uma dificuldade no futuro. Vesterbacka acrescenta que não é verdade que a Europa não esteja a par dos Estados Unidos ou da China se considerarmos que, em determinados pontos da Europa, per capita, o número de startups que atingiram o nível de unicórnio é superior ao número nas potencias económicas mencionadas.
A manhã fechou com o Ministro da Economia e da transição Digital, Pedro Siza Vieira, a apontar que o ecossistema empreendedor é "um claro indutor de crescimento económico e chave para a recuperação da Europa".
Comentários