Numa carta aberta ao ministro da Educação, os professores de informática recordam a Tiago Brandão Rodrigues a sua expressão 'escola-alfaiate', que utilizou para defender a necessidade de uma escola que se desenhe à medida das necessidades de cada aluno, para dizer que há “muitos remendos para cobrir”.

“Então parece que puxamos para cima, puxamos para baixo. Segundo as histórias de encantar, podemos dizer que o “Rei vai nu”, perdão a escola. Os retalhos são curtos e nem sempre aplicados no sítio certo”, escrevem os professores no documento.

Na carta aberta ao ministro da Educação, a Associação Nacional de Professores de Informática (Anpri) recorda que já o último relatório ‘Estado da Educação’, do Conselho Nacional de Educação (CNE), divulgado há semanas, alertava para o facto de o material informático nas escolas estar obsoleto e ser insuficiente e questiona o governante sobre se os 23 milhões de euros que o executivo pretende alocar à capacitação dos portugueses em competências digitais vão chegar às escolas, nomeadamente à renovação das estruturas das redes e Internet.

“Pretendemos saber, se vai ser disponibilizado algum equipamento às escolas para que sejam criadas condições para que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) - quer enquanto disciplina, quer como meio para a integração transversal nas várias áreas do saber - possam ser usadas condignamente por alunos e professores”, lê-se na carta aberta da Anpri.

Os professores de informática questionam ainda a razão de serem criados programas específicos na área de Tecnologias de Informação e Comunicação para uns ciclos de escolaridade, excluindo outros.

“Pretendemos ouvir, também, se a disciplina de TIC vai ter o tempo adequado para que os alunos, futuros profissionais, desenvolvam as competências digitais no tempo certo, de modo a que não seja necessário gastar quatro milhões de euros em programas de requalificação, consecutivamente. Isto porque já não é o primeiro e dificilmente será o último”, lê-se ainda no documento.

O reforço de verbas para o programa 'INCoDe.2030 – Iniciativa Nacional em Competências Digitais' é apresentado na quarta-feira no Centro de Congressos de Lisboa, na 2ª Conferência do Fórum Permanente para as Competências Digitais, que decorre no âmbito do programa.

Vão marcar presença em representação do Governo a ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques; o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor; o ministro Adjunto e da Economia, Pedro Siza Vieira; o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues; e o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques.

Em debate vão estar, segundo informação do ministério tutelado por Manuel Heitor, “questões como a relevância do digital para a inclusão e justiça social, o desenvolvimento das competências digitais nas escolas portuguesas, a rede integrada de serviços públicos de comunicações, entre outros temas consonantes com os eixos que compõem o INCoDe.2030: inclusão, educação, qualificação, especialização e investigação”.

Para além do reforço de 23 milhões de euros a ser aplicado entre 2019 e 2021, resultante da reprogramação dos fundos comunitários do Portugal 2020, vai ainda ser lançada a “Estratégia Nacional de Inteligência artificial”, coordenada pelo Professor Alípio Jorge, da Universidade do Porto, e das “Redes regionais de qualificação e especialização digital”, que incluem os institutos politécnicos.

Será também estabelecida uma comissão de acompanhamento anual do programa 'INCoDe.2030', que inclui três peritos europeus.

"A Iniciativa Portugal INCoDe.2030 pretende mobilizar os portugueses para construírem uma sociedade mais justa e mais atenta à crescente mudança tecnológica, fomentando mais inclusão no acesso ao conhecimento e na participação em redes de colaboração científica e tecnológica" e "tem também como objetivo alcançar maior visibilidade internacional, contribuindo para a abertura de novos mercados e atraindo novos talentos nestas áreas para Portugal", lembra um comunicado do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

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