Duas entradas vindas do mar, uma pela mão de Vítor Sobral, robalo marinado, e a outra, lagostim, wagyu e sopa coreana, elaborada por Rui Paula; três pratos, um composto por uma presa alentejana, favas, cogumelos e molho de hortelã, da autoria de Henrique Sá Pessoa, a que se seguiu bacalhau, toucinho e vieiras (Vítor Sobral) e corvina com manga e maracujá (Rui Paula); culminando tudo com uma sobremesa composta por frutos vermelhos e hibiscos (Henrique Sá Pessoa).
Este é o menu goumet apresentado de forma salteada por três chefs, Vítor Sobral, Rui Paula e Henrique Sá Pessoa, escolhas gastronómicas que fazem parte de uma carta mais vasta de pratos servidos nos respetivos restaurantes: Tasca da Esquina (Lisboa), Casa de Chá da Boa Nova (Porto) e Alma (Lisboa). Estes espaços, por sua vez, fazem parte da rede TheFork, aplicação de reservas online que pertence à multinacional TripAdvisor e que está presente em Portugal desde 2015.
Com mais de 50 mil restaurantes espalhados por 11 países (Portugal, Espanha, França, Suíça, Bélgica, Holanda, Itália, Dinamarca, Suécia, Brasil e Austrália), de três continentes (Europa, América e Oceânia), dos 2.100 locais de culto gastronómico localizados em Portugal e que estão abrangidos nesta app, há 170 em Lisboa e no Porto que merecem um olhar e tratamento mais atento. Entraram numa lista apelidada de Insider na qual só estavam até à data 1.500 restaurantes localizados em Espanha, França, Itália, Suíça e Holanda.
Portugal é, assim, o novo palco de expansão desta elite da restauração em que os termos foodie e trendy andam de braço dado com a experiência gourmet que marcam a tendência. E é nesta secção dos “mais procurados e melhores pontuados” da aplicação TheFork, um quase clube privado, que oscila entre o restaurante do momento ou da moda, conforme batismo, em que as “casas” portuguesas supracitadas entram.
A Tasca da Esquina, Casa de Chá da Boa Nova e Alma, entre outras, fazem por merecer pertencer a este espaço de restrito acesso em virtude de uma “avaliação de 9.0 ou superior, com base em mais de 40 reviews, e um preço mínimo de 25 euros”, sublinha Sérgio Sequeira, Country Manager do TheFork em Portugal.
Como em quase tudo na vida há exceções: os restaurantes com estrelas Michelin estão automaticamente selecionados, embora na prática nem todos ali estejam. Em relação às tão sempre procuradas estrelas Michelin, dos 23 que existem em Portugal “temos 15” na aplicação, anuncia, embora admita que “há restaurantes que não trabalham com reservas” e que “cá estaremos se quiserem fazê-lo um dia”, avisa Sérgio Sequeira.
Em Portugal as mulheres lideram a descarregar a aplicação
O TheFork entrou em Portugal em 2015. Não entrou nem a seco, nem a zeros, antes foi uma entrada por aquisição de uma startup portuguesa, criada em 2011 com nome de Best Tables e que contabilizava então “850 restaurantes parceiros”, em Portugal e no Brasil. O atual Country Manager em Portugal, que na altura foi “early investor da empresa criada por Ricardo Sécio”, relembra que o empreendedor ficou a liderar a operação no Brasil no tempo da startup portuguesa e que por lá continua agora pela empresa que pertence à TripAdvisor.
Com um modelo de negócio assente numa “comissão de reserva cobrada a cada estabelecimento de 1,60 euros por pessoa sentada”, Sérgio Sequeira aponta razões para cativar clientela: “Facilita a pesquisa e tem descontos à carta”, remata.
Sem divulgar números de utilizadores escudando-se no facto da TripAdvisor ser uma empresa cotada no índice Nasdaq, adianta que a nível global foram feitos “14 milhões de downloads” da aplicação e registam-se “18 milhões de visitas mensais”.
Em relação ao território nacional sublinha que “Lisboa e Porto são áreas prioritárias” com cerca de “1500 restaurantes”. No resto do país são “600”, entrando na contabilidade “o Algarve e Funchal” e outras áreas do país que “estão pensadas”.
“Inicialmente o TheFork era forte nos estrangeiros. Vinham já com a aplicação e com reservas do TripAdvisor”, recorda. “Hoje não têm essa percentagem tão elevada”, acentua. “E temos um fenómeno interessante: temos clientes estrangeiros a utilizar a app com os nomes diferentes, reservam como se estivessem em casa”, sublinha.
Recorde-se que a plataforma opera com a marca “lafourchette” em França e na Suíça, como “ElTenedor” em Espanha, como “TheFork” em Portugal, Itália, Bélgica, Brasil, Suécia e Dinamarca. E ainda, em inglês como “TheFork.com”, como IENS na Holanda e Dimmi, na Austrália. “Não dizemos 'o garfo' porque nos adaptamos facilmente à marca internacional”, defende Sérgio Sequeira.
Em relação ao cliente típico em Portugal, as mulheres são quem mais descarrega a aplicação: “52% mulheres, 48% homens”, aponta, sendo que metade dos utilizadores tem entre “30 a 50 anos”.
A tendência é “de crescimento em fatores multiplicadores todos os anos”, sustenta. Com a mudança da marca, “multiplicamos por quatro no primeiro ano e por dois no ano seguinte. Este ano vamos multiplicar”, assegura.
No futuro, Sérgio Sequeira acredita que “grande parte das pessoas vai deixar de fazer reservas por telefone ou de escolher restaurantes com base sugestões de amigos”. Restará, por isso, a escolha de restaurante tendo por base “estas plataformas” onde há “referências de vários utilizadores” que servem de barómetro, acredita.
(Artigo alterado às 17h19: corrige-se o termo foodie)
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