A presidente do Instituto de Medicina Molecular (IMM) João Lobo Antunes, da Universidade de Lisboa, participou hoje numa videoconferência promovida pela Culturgest sobre longevidade, em particular sobre a medicina de precisão e personalizada baseada no conhecimento genético.
Segundo Maria Carmo-Fonseca, que dirige o laboratório de regulação génica, é possível reverter o envelhecimento através da manipulação das ordens dadas pelos genes às células, que vão perdendo intensidade com a idade.
As experiências feitas em laboratório com ratinhos têm sido promissoras.
"Vai ser uma questão de anos ter estas terapias suficientemente seguras dos animais para os humanos", sustentou a investigadora, alertando para "alguma cautela" ao fazer-se manipulação genética em pessoas.
A especialista em genética e biologia molecular assinalou que é preciso "dosear as manipulações genéticas" para serem seguras e evitar efeitos secundários como o aparecimento de cancros.
Para Maria Carmo-Fonseca, será ainda possível "viver mais tempo e bem" com a toma de eventuais medicamentos que reproduzam no organismo os efeitos benéficos gerados pela "restrição calórica" e pela "transfusão de sangue jovem" em pessoas mais velhas.
A investigadora e docente referiu que a ingestão de "menos quantidade de comida" é uma "forma muito eficaz de prolongar a vida", apesar de "muita dura".
Experiências realizadas com animais, incluindo macacos, revelaram, segundo Maria Carmo-Fonseca, que a redução em 30% da ingestão de alimentos contribuiu para que os animais vivessem cerca de 40% mais tempo e saudáveis.
No seu laboratório, dois investigadores estão a trabalhar numa droga, que, administrada a ratinhos, produzirá "o mesmo efeito de uma transfusão de sangue jovem".
Para a presidente do IMM, um "desafio para a ciência" é como se pode "chegar aos 120 anos ou mais", sendo "mais tempo saudável e mais produtivo".
"Cento e vinte anos é uma idade compatível com o ser humano", sublinhou, recordando que a pessoa que viveu mais tempo era uma mulher francesa que morreu com 122 anos.
Apesar dos desafios que se colocam, Maria Carmo-Fonseca advertiu que "a medicina não pode ajudar muito" se as pessoas optarem por "um estilo de vida pouco saudável".
Além disso, e muito embora se possa "reverter o envelhecimento e prolongar o tempo de vida saudável", a morte "é uma inevitabilidade", lembrou.
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