A bactéria em causa, designada Estreptococcus do Grupo B, "é uma das principais causas" dessas patologias em recém-nascidos, que detetadas principalmente os meios rurais de países em desenvolvimento, disse à Lusa Pedro Madureira, diretor científico da ‘startup' (empresa de base tecnológica em fase de desenvolvimento) Immunethep.
"Grande parte das infeções nos países em desenvolvimento ocorre em meios rurais, onde o cuidado médico é praticamente inexistente, sendo o objetivo deste projeto desenvolver anticorpos que possam ser administrados oralmente (bebidos), o que não implica a atuação de profissionais especializados", podendo assim o "tratamento chegar a mais pessoas", indicou.
De acordo com Pedro Madureira, o objetivo da Immunethep é criar uma terapia baseada na administração oral de anticorpos para neutralizar a molécula bacteriana GAPDH, que impede o nosso sistema imune de combater as infeções.
Este é o segundo projeto da ‘startup', que tem vindo a desenvolver uma vacina que produz esses anticorpos para neutralizar a GAPDH e ajuda a prevenir ao mesmo tempo infeções bacterianas que causam doenças como meningite, pneumonia, septicemia (infeção na corrente sanguínea) e, nos casos mais críticos, morte por choque sético.
A vacina PNV "é a primeira capaz de prevenir infeções multibacterianas, incluindo estirpes multirresistentes, desde o útero (pré-natal) até à velhice (idosos)", informou Pedro Madureira.
A estratégia da Immunethep é encontrar outras formas de criar ou fornecer esses anticorpos para além da vacina, como é o caso deste produto de administração oral, cujos estudos se iniciarão em novembro.
A Fundação Bill&Melinda Gates "é uma organização de referência mundial, com um objetivo muito claro de diminuir infeções em países subdesenvolvidos", indicou Pedro Madureira, para quem este apoio irá permitir acelerar o processo de desenvolvimento e entrada em ensaios clínicos da imunoterapia baseada nos anticorpos.
"Estamos muito orgulhosos de ter recebido este apoio. A confiança que a Fundação Bill & Melinda Gates demonstrou na Immunethep é uma motivação adicional para avançar com o nosso programa clínico", reforçando também "a nossa confiança na plataforma científica que suporta os futuros produtos da empresa", indicou Pedro Madureira.
Depois de angariar uma ronda de financiamento inicial da Portugal Ventures, em 2015, para realizar ensaios pré-clínicos, a ‘startup' está atualmente a preparar-se para os ensaios clínicos da vacina PNV.
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