Viseu transformou as instalações vazias da Universidade Católica num porta-aviões de empreendedorismo com ligação direta ao conceito de Smart Cities (Cidade Inteligente). Olhão, no Algarve, quer deixar de ser um simples local de férias onde se come marisco e peixe de qualidade para colocar as tecnologias ao serviço do ecossistema. Por fim, na Madeira, na Ribeira Brava, o Brava Valley servirá de território para o desenvolvimento de projetos tecnológicos no turismo e nos recursos ligados ao mar, ao mesmo tempo que em Porto Santo está a nascer uma smart free island aliando a tecnologia à parte energética sustentável.

Viseu, Olhão e Região Autónoma da Madeira, têm, em comum, o facto de se transformarem, a partir de agora, em três “ramificações” da Altice Lab, nascido e criado em Aveiro, outrora denominada PT Inovação (em 1999) e que celebrou, no passado dia 23, o segundo aniversário com a nova nomenclatura, mas com o ADN com que sempre se procurou afirmar: exportar tecnologia made in Portugal.

Ora, tendo por base o que se tem vindo a fazer na “joia da coroa do grupo (Altice)”, conforme descreveu, no evento comemorativo, Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal, os novos polos assumem-se como alavanca de atração de talento, conhecimento e exportação de inovação replicando a história que nasceu em Aveiro há mais de 65 anos, então enquanto centro de competências em telecomunicações.

Viseu, uma cidade feliz que informa onde estacionar o carro

Numa cidade com mais de dois mil anos, no centro de incubação tecnológica VISSAIUM XXI, “cerca de oito mil metros quadrados da antiga universidade Católica” serão transformados num “porta-aviões onde podem voar e aterrar projetos no âmbito de smart cities” e “ligados ao meio ambiente e à reabilitação urbana”, refere Jorge Sobrado, vice-presidente da câmara municipal de Viseu.

“O aproveitamento de dados abertos, utilização de serviços públicos, dados sobre estacionamento na cidade”, exemplifica sobre o que poderá nascer neste novo campus tecnológico. Em suma, procuram “gerar dados que não estão a ser aproveitados para vender serviços e criar negócios e otimizar a qualidade da própria vida da sociedade”.

Assumindo ser “uma estratégia a médio e longo prazo”, Viseu quer, a partir da tecnologia, “criar um ecossistema de qualidade de vida, educação, ciência, criar riqueza e felicidade”, sublinha. “Viseu está apostado no conceito de felicidade”, reforça Jorge Sobrado.

Olhão não é só bom marisco e local de férias

Cidade piscatória sobejamente conhecida pelo “Festival do Marisco”, inserida numa das mais belas paisagens algarvias – Ria Formosa –, e destino turístico por natureza, Olhão quer dar um salto qualitativo aproveitando o ecossistema que o caracteriza.

“O Algarve é um sítio de férias e de marisco não associado à tecnologia. Mas as tecnologias são um fator crítico para qualquer setor e empresa”, afirma António Pina, presidente da câmara municipal de Olhão. Por isso, vê como bons olhos que se deem “oportunidades aos jovens da Universidade do Algarve para se instalarem num facilitador de startups tecnológicas”, local que, segundo o edil, “dê dimensão aos projetos e aos produtos abertos para o mundo” que mais não fazem que aproveitar “o ecossistema preferencial da região: aquacultura e turismo”.

Reafirmando que a cidade já tem o principal Centro de investigação de Aquacultura (Estação Piloto de Piscicultura de Olhão), reconhece que “falta trazer a componente tecnológica”. António Pina acredita que “daqui a 20 anos talvez 80% do pescado consumido seja produzido em aquacultura”, pelo que será terreno fértil para que novos negócios possam nascer em Portugal e tendo o mundo como destino. “Um produto tecnológico que se crie para apoiar a aquacultura em Olhão ou no Algarve, servirá em qualquer parte do mundo. No mesmo sentido “um produto que sirva um grupo hoteleiro no Algarve serve para qualquer parte no mundo”, reforça.

Assuntos do mar no Brava Valley e um Porto Santo 100% elétrico

Aproveitando a “universidade da Madeira, a “startup Madeira” e o “Observatório Oceânico”, a Região Autónoma quer afirmar-se através das tecnologias e na investigação e desenvolvimento na inovação”, frisa Patrícia Dantas Caires, Diretora Regional Adjunta de Economia. Turismo e recursos ligados ao mar (enfoque na área da piscicultura) deverão ser a base que resulte na “atração de empresas ligadas à tecnologia e inovação” que ajudem no “combate à insularidade e dupla insularidade, aqui ligada a Porto Santo”, refere.

A Ribeira Brava, ou antes “Brava Valley” é uma das bandeiras do que de novo se fará na área de inovação e dinamização de empresas de base tecnológica e empreendedorismo na Madeira, “aproveitando as acessibilidades” entretanto criadas. “Há sete projetos concretos de investigação e desenvolvimento em calha”, enumera.

Paralelamente, Grupo Renault e a Empresa de Eletricidade da Madeira, juntos, vão desenvolver um ecossistema elétrico inteligente para a ilha de Porto Santo, que será a primeira Smart Islandmundial. “É um projeto de 12 milhões de euros de investimento assente na energia e mobilidade elétrica”, resume a diretora Regional de Economia que desafia “a Altice a transformar a ilha num show case nesta área”, finaliza.

Altice Labs: crescer mais em Portugal

Alexandre Fonseca, CEO da Altice Portugal, admitiu, por ocasião do segundo aniversário do Altice Labs, que fenómeno descentralização é fundamental e que quer continuar a descentralizar o projeto. Desta forma, deverá replicar em Portugal pelo menos em mais dois locais que serão anunciados até final de 2018.

Sobre as tecnologias made in Aveiro, acrescenta que o trabalho pensado e realizado por “700 engenheiros” chega hoje a “35 países” e “tocam mais de 250 milhões de utilizadores, espalhados pelos quatro continentes”, remata.

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