O projeto nasceu há cinco anos, no seio da academia de futebol do Sporting Clube de Portugal, em Alcochete, também com os “preciosos contributos” de Chelsea e Barcelona, mas “ganhou asas” e hoje chega a vários emblemas europeus e até a África, disse à Lusa Filipe Esteves, diretor da AGAP2, empresa que criou a aplicação.

A empresa está na Web Summit, em Lisboa, para mostrar todas as potencialidades desta tecnologia e explica que o que está em causa é a digitalização e gestão integrada dos clubes de futebol, à semelhança de uma qualquer empresa.

“Somos uma plataforma completa para a gestão de todos os departamentos de um clube de futebol, desde a área técnica, nutricional, 'scouting', académica e psicológica dos atletas”, começa por esclarecer Filipe Esteves, que acrescenta que uma ferramenta deste tipo é muito útil aos clubes que apostam na formação.

“Estudamos padrões para ultrapassar adversidades e antecipar as dificuldades. Ao analisarmos a componente desportiva e física do atleta, tudo agregado, conseguimos estar para lá da simples intuição. Conseguimos analisar toda a evolução de um jogador, com dados concretos, e tomar uma decisão mesmo que estejamos sentados a uma mesa de reuniões. Não queremos substituir a pessoa que toma a decisão, mas sim empoderá-la de forma a poder decidir com toda a informação”.

Filipe Esteves admite que o futebol continua a ser “amador” em termos de processos, apesar da sua missão de “desenvolver talento”. Por isso, frisa, “este tipo de ferramentas permite saber onde ele está e assegurá-lo em primeiro lugar”.

Em Portugal, o clube que esteve na origem deste projeto foi o Sporting, e hoje utiliza esta ferramenta, mas o responsável adianta que a tendência é para aumentar, pois a Escola Superior de Desporto de Rio Maior utiliza esta ferramenta no seu curso de treinadores.

Se junto da nova geração a aceitação deste tipo de ferramentas é grande, Filipe Esteves assume que é mais difícil convencer os treinadores mais velhos, que circulam no mundo do futebol há mais anos. O presidente executivo da AGAP2 explica que muitas vezes este tipo de partilha de informação é vista com “desconfiança”.

“Ainda persiste a ideia de que a propriedade intelectual dos treinos que são dados no clube pertence ao treinador, quando não é verdade. Pertencem ao clube, mas há a dificuldade de uma determinada geração de treinadores entenderem isso. E não há força dos clubes para o combater”, sublinha.

Segundo Filipe Esteves, "este é um produto que pode ir dos 400 aos quatro mil euros. Quanto mais pequeno o clube, menos paga. Queremos ajudar a promover o desporto e que um clube nas distritais tenha a possibilidade de utilizar a mesma ferramenta que um clube de topo utiliza”, termina.

A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa, devendo permanecer até 2028 na Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL), em Lisboa.

Nesta terceira edição do evento em Portugal são esperados cerca de 70 mil participantes de mais de 170 países.