“Eu já tinha experiência nesta área do ‘marketing’ e aconteceu o desafio de vir para Angola, para disponibilizar um serviço que simplesmente não existia, apesar do ‘boom’ de expatriados, que não tinham informação sobre os sítios para ir. Usavam uma folha com indicações que iam passando de mão em mão, porque na ‘net’ não havia nada”, começou por explicar à Lusa este português, de 53 anos.
A ‘startup’ foi crescendo e só em Angola, no portal sobre a gastronomia, o lazer, a diversão ou a cultura nacional, conta 30 mil visitas por mês. Um projeto que evoluiu para o conceito da lusofonia e que Paulo Costa leva à Web Summit Lisboa 2017, em novembro.
Retomando o caso de Angola, onde tudo começou há cinco anos, explica que era ainda um país que vivia com os “resquícios do trauma de guerra” e onde sair de carro do centro de Luanda para uma praia, a algumas dezenas de quilómetros, era um desafio para qualquer um, estrangeiro ou nacional.
“Essa foi a oportunidade, criar um serviço que não existia. Começou com o mapa de Luanda e com o mapa de Angola, que tinha informações sobre os locais a visitar, onde comer, onde dormir, onde alugar carro. Criámos uma rede com 200 pontos de distribuição, levando as pessoas a procurar depois mais informação no portal”, recorda.
Do projeto inicial, com três fundadores, ficou Paulo Costa, que, entretanto, já alargou o portal “Welcome To” para aplicações para telemóveis, promoção ‘online’ de locais recomendados para visita nas 18 províncias angolanas, roteiros turísticos e guias, ‘online’ e ‘offline’.
De Angola, a base da operação’, já totalmente consolidada, o projeto alargou-se a Portugal e mais recentemente a São Tomé e Príncipe, com portais próprios que seguem a mesma ideia de produto. Está também prestes a arrancar a operação em Cabo Verde e em Moçambique.
Com nova roupagem, o “Welcome to” chega à Web Summit Lisboa 2017, um ano depois de ter surgido o objetivo de alargar o conceito ao espaço da língua portuguesa: “A ideia é cobrir todo o espaço de língua portuguesa e de alguma influência dessa cultura, como Macau, Goa ou Paris”, assume Paulo Costa, hoje diretor-geral do projeto.
Tudo funciona com cinco pessoas, em áreas diferentes, às quais acrescem os parceiros locais nos diferentes países, com equipas entre três a cinco colaboradores, sendo a grande aposta uma mistura entre conteúdos e as novas tecnologias.
“Consiste na criação de uma plataforma, ‘online’ e ‘offline’, de incentivo à cultura, negócios e turismo no espaço da lusofonia, quer localmente, quer entre os diferentes países”, explica Paulo Costa.
Em www.welcometoangola.co.ao é possível obter conteúdos tão diferentes como um resumo das “mais belas igrejas” de Angola ou a receita de um típico peixe pagaio no forno.
O conceito agora alarga-se à lusofonia, mas a experiência resulta de cinco anos intensos em Angola, trabalho que não para de crescer e que já em 2018 envolve o alargamento da distribuição dos produtos em suporte fixo aos táxis de Luanda.
“Foi uma aprendizagem do mercado, o Welcome to Angola é percecionado como a marca de Angola para o setor turismo, tornando-se transversal a todo os setores, utilizando suportes digitais e papel, como mapas, livros guias, diretórios, aplicações e outros”.
A publicidade e as parcerias institucionais fazem o projeto crescer e a ideia é transportar o sucesso angolano, mesmo em termos de sustentabilidade financeira, para o mundo lusófono. Isto apesar de, por vezes, ao longo do percurso da ‘startup’, a palavra “desistência” tenha rondado.
“Enquanto empreendedores, a desistência tem de estar sempre presente, temos de estar atentos aos fatores críticos do sucesso. Mas isso não significa falta de entusiasmo e empenho na persecução dos objetivos”, conta Paulo Costa, reconhecendo como chaves do sucesso a “boa utilização” dos recursos financeiros e a “paciência para aguardar decisões de terceiros”.
“E, claro, sabendo vender-lhes as ideias”, remata.
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