“Quero inventar o que vai ser a primeira guitarra de hip-hop, quero sentar-me com engenheiros e falar sobre programação e outras coisas. O Dr. Dre [‘rapper’ e produtor norte-americano] faz 'headphones', eu quero inventar a primeira guitarra”, revelou Wyclef Jean numa sessão de perguntas e respostas no Parque das Nações, em Lisboa, onde decorre a conferência de tecnologia de empreendedorismo.
A revelação foi feita quando lhe perguntaram o que fazia um ‘rapper’ numa conferência de ‘nerds’ [cromos]. “Não sabiam que eu era um 'nerd'? Sou, mas um 'nerd' sexy”, brincou, recordando que começou na música “como engenheiro de som”.
“Quando tinha 17 anos era tão avançado tecnologicamente que fiz o álbum ‘The Score’ [editado em 1996 e que deu visibilidade mundial aos Fugees] na minha cave. Quando ouvem o [tema] ‘Killing me softly’, parece que estou a tocar um teclado, mas não é um teclado é um tom 4:40 isolado, porque não tinha dinheiro para ter um teclado. Tirei o tom e manipulei-o”, disse.
Mais recentemente, o 'rapper' colaborou com a agência espacial norte-americana NASA. “No novo álbum [“Carnival III: The fall and rise of a refugee”, editado em setembro] gravei sons trazidos para a Terra, captados numa missão espacial na órbita de Júpiter”, contou.
Na quinta-feira, Wyclef Jean participa numa ‘masterclass’ de produção, também na Web Summmit, onde vai mostrar ao público “como combinar sons do espaço e da Terra”.
A ideia de criar a primeira guitarra de hip-hop surgiu porque Wyclef Jean quer “encorajar mais miúdos a aprender a tocar instrumentos”.
“A minha mãe tirou uma arma da minha mão e colocou um instrumento”, disse.
Para provar que a ideia é para ser levada a sério revelou estar “à procura de pessoas inovadoras”, a quem queria dar logo ali o número de telefone. Como percebeu que distribuir o seu número de telefone não era boa ideia perguntou se entre os presentes haveria programadores. “Alguém tem aí cartões? Preciso de cartões, quero marcar conversas com vocês”, disse, tendo logo recebido meia dúzia de contactos de interessados em colaborar com ele.
Num estilo musical feito sobretudo de rimas e batidas, Wyclef Jean recordou que “a guitarra sempre foi do hip-hop”.
“Sou de uma era em que se não havia um microfone e um DJ não era considerado hip-hop, mas vieram os Fugees e mudaram isso”, disse, garantindo que irá tornar a guitarra “tão fixe como os ‘headphones’”. “Não podemos deixar que a arte de tocar com instrumentos se perca na cultura do hip-hop”, defendeu.
Durante a sessão de perguntas e respostas ainda houve espaço para Wyclef debitar algumas rimas, suas e de outros 'rappers', e para interagir com os presentes contando piadas.
A Web Summit decorre até quinta-feira, no Altice Arena (antigo Meo Arena) e na Feira Internacional de Lisboa (FIL).
Segundo a organização, nesta segunda edição do evento em Portugal, participam 59.115 pessoas de 170 países, entre os quais mais de 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Lisboa por três anos, com possibilidade de mais dois de permanência na capital portuguesa.
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