Entre os setores "Beta" (para empresas prestes a dar um salto para vendas maiores) e "Alpha" (basicamente, ideias cujos autores acham que valem dinheiro), centenas de expositores têm um cartaz e uma bancada para tentar promover as ideias que esperam tornar negócios.

Quer venham de Portugal, Cabo Verde, Brasil ou Emirados Árabes Unidos, têm todos, em teoria, a mesma hipótese de que um investidor se aproxime, os ouça e decida meter dinheiro na ideia.

Raymond Gomes veio do Mindelo, Cabo Verde, e representa a Doutvisions, que propõe uma plataforma que as empresas podem usar para que os clientes, por exemplo num restaurante, tenham acesso a aplicações específicas do estabelecimento quando se ligam na rede de Internet sem fios.

"Não há palavras para a beleza da Websummitt", diz Raymond, único representante de Cabo Verde no encontro, satisfeito com a quantidade de pessoas que tem abordado a banca para saber mais.

Ana Silva, de Óbidos, veio promover uma aplicação que permite aos agricultores saber se a sua cultura está em risco de contrair uma doença ou se precisam de usar fertilizantes.

Usando algoritmos, imagens de satélite e previsões meteorológicas, este "assistente virtual" para agricultores tem por enquanto dois clientes, um em Óbidos, outro no Ribatejo, mas no pavilhão da Websummit, já tiveram "bastantes contactos para dar seguimento" e expandir a ideia.

Assegura que, com uma nova geração de agricultores "que leva o 'smartphone' mesmo quando está a trabalhar no campo", este tipo de tecnologia já consegue entrar no domínio agrícola, que vai ficando progressivamente mais tecnológico.

João Matos, que representa a empresa de deteção de incêndios Bee2Fire, está já noutro nível, com 500 mil euros de vendas no ano passado.

O sistema, que usa sensores capazes de detetar e prever a evolução de incêndios florestais num raio de 15 quilómetros, já é usado por empresas do setor do papel para proteger as suas florestas de eucalipto em Portugal e na Amazónia brasileira.

Instalados em torres, os sistemas, que usam inteligência artificial e podem trabalhar a energia solar, são capazes de substituir os vigilantes humanos e usam espectroscopia, vídeo e sensores térmicos para detetar o início dos fogos e prever a sua evolução, auxiliados por informações sobre o vento.

Os privados já estão convencidos, mas quanto ao interesse dos poderes públicos neste sistema de deteção de incêndios, João Matos, que ainda não foi contactado por nenhum organismo público, só diz: "sem comentários".

Carlos Santiago e Orlando Leitão são físicos de Fátima e trouxeram à Websummit a "realidade aumentada a baixo custo", ou seja, uma maneira de qualquer pessoa, com um telemóvel ou um "tablet", poder descobrir indicações para se orientar num hospital, num centro comercial, saber mais sobre as peças que vê num museu ou sobre a ementa do restaurante em que decide almoçar.

Com marcadores que funcionam como os códigos de barras ou os códigos QR lidos pelos telemóveis, consegue-se, apenas usando um programa de navegação na internet, sem aplicações, apontar a câmara do telemóvel e no écrã surgem as informações de "realidade aumentada" sobre o que se tem na frente.

Phillipe Haiat é um paulista que espera expandir a "Easysitters", uma aplicação que proporciona aos pais uma lista de "babás" de confiança cadastradas na empresa.

Com uma pequena biografia, especializações em coisas como necessidades educativas especiais e as idades para as quais está mais vocacionada, "babysitters" e aplicação tentam ganhar a confiança dos país, o que, reconhecidamente, "é difícil".

A médio prazo, a aplicação, por enquanto só disponível em São Paulo, tem 320 "babysitters" registadas e 72 pais que usaram os seus serviços, desde há seis meses.

Num Brasil em mudança, em que "a 'babá' em permanência" é uma realidade cada vez mais rara, quer pelo tamanho das casas quer pela redução dos rendimentos, Phillipe, dono da empresa em parceria com a irmã, espera que a Easysitters consiga afirmar-se, tanto no Brasil como na Europa, como uma ferramenta para os pais que precisam de repente de deixar os filhos com alguém e não têm alternativas.