Em finais de maio, a CTA, anfitriã do certame que decorre em salas de Almada e de Lisboa, anunciara a produção de quatro novas criações, no âmbito do festival, mas uma acabou por ‘cair’, devido às restrições financeiras com que se confrontaram para esta edição, disse hoje à agência Lusa fonte da organização do Festival.
“Colónia Penal”, um texto inacabado de Jean Genet, para o qual o autor francês também criou um guião cinematográfico, é uma coapresentação da Ar de Filmes/Teatro do Bairro, encenada por António Pires, e vai estar em cena no Teatro do Bairro, em Lisboa, de 05 a 17 de julho.
O livro “Vozes dentro de mim”, de Carmen Dolores, dá o mote a outra criação – “Carmen” -, uma coprodução dos teatros Meridional e da Trindade.
“Uma forma de homenagear a atriz de 94 anos, que se estreou no Trindade”, como referiu Diogo Infante, diretor artístico deste teatro, hoje, na apresentação do Festival de Almada, sobre peça que, de 12 a 15 de julho, pode ser vista nesta sala de Lisboa, integrada na programação do certame.
A terceira criação desta edição é de Elmano Sancho, chama-se “A última estação” e tem por base o assassino em série norte-americano Ted Bundy (1946-1989), que matou mais de 35 mulheres.
Da programação do certame, que abre com o melodrama burlesco “Bigre”, da companhia francesa Le Fils du Grand Réseau, constam ainda as peças “Nada de mim”, que assinala a estreia na encenação do atual diretor de produção dos Artistas Unidos (AU), Pedro Jordão, e que pode ser vista no Teatro da Politécnica, de 05 a 18 de julho.
“Lulu”, uma encenação de Nuno M.Cardoso, a partir dos dois textos de Frank Wedekind, centrados na personagem de Lulu – “Espírito da Terra” (1903) e “A Caixa de Pandora” (1904) – foi estreada esta semana no âmbito do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto, e será também apresentada no Festival de Almada.
A reposição de “Bonecos de luz”, pela CTA, e “A tecedura do caos”, um espetáculo de dança com direção e coreografia de Tânia Carvalho, são outras propostas desta edição do Festival.
“Melodramas de horror”, um recital de poesia alemã, com Nuno Vieira de Almeida ao piano e Manuela de Freitas na voz, um espetáculo da companhia Olga Roriz, dirigido pela coreógrafa, intitulado “A meio da noite”, é outra das propostas do certame.
O universo de Ingmar Bergam é a base desta produção que, segundo Olga Roriz, tem por objetivo assinalar o centenário do nascimento do realizador sueco e que pode ser visto em Almada, no dia em que se cumprem 100 anos de nascimento do realizador de “O sétimo selo” e “Morangos Silvestres”, a 14 de julho.
Entre as peças estrangeiras, as propostas do 35.º Festival vão para “Kalakuta Republik”, um espetáculo com conceito e coreografia de Serge Aimé Coulibaly (Burkina Faso), em que o bailarino se inspirou na vida do compositor e ativista nigeriano Fela Kuti (1938-1997).
“Final do amor”, pelo Mini Teater esloveno, que assinala o regresso do encenador croata Ivica Buljan ao Festival, “Arizona”, uma produção mexicana encenada por Ignacio Garcia (que em 2017 encenou “História do Cerco de Lisboa”, para a CTA), “A reunificação das duas Coreias”, um texto que Joël Pommerat trouxe ao Festival em 2014 e que este ano é apresentado por uma companhia croata, são outras das peças que constam da programação desta edição do certame.
O público poderá ainda ver “O quarto de Isabella”, uma produção belga estreada em 2004 e protagonizada por, entre outras, Viviane De Muynck, que agora chega ao fim de carreira.
O regresso do criador e ator italiano Pippo Delbono, com “Alegria”, o regresso do encenador Emmanuel Demarcy-Mota ao festival, desta vez com “Estado de Sítio”, no S. Luiz, e “Fora de campo”, outra produção belga apresentada pela primeira vez no Festival, são outras das propostas do certame, segundo Rodrigo Francisco.
A 35.ª edição do Festival de Almada decorre de 04 a 28 de julho em dez teatros de Almada e Lisboa.
Em Almada, os espetáculos de sala decorrerão no palco grande da Escola D. António da Costa, Teatro Municipal Joaquim Benite – sala principal e sala experimental -, Teatro-Estúdio António Assunção e Fórum Municipal Romeu Correia.
Em Lisboa, os espetáculos realizar-se-ão nos teatros da Politécnica, do Bairro, da Trindade, no Teatro Nacional D. Maria II, no grande auditório do Centro Cultural de Belém e no Teatro Municipal S. Luiz.
Entre as atividades paralelas ao certame, contam-se a formação “O sentido dos mestres”, orientada este ano pela coreógrafa e bailarina Olga Roriz, e uma exposição a Ivette Centeno, a homenageada desta edição, intitulada “O pomar das romãzeiras”, concebida pelo arquiteto e cenógrafo José Manuel Castanheira.
“Velho sol”, mostra inspirada no poema “I died for beauty”, de Emily Dickinson, do artista plástico Paulo Brighenti, autor do cartaz desta edição do certame, a terceira parte da mostra “CTA: 40 anos em Almada”, agora a evocar a história do Festival, fazem igualmente parte da programação paralela ao certame.
“Sob o signo da catástrofe (Ecologia política do nosso tempo)”, um encontro em que participarão os filósofos francês e italiano Frédéric Neyrat e Gionvanbattista Tusa, moderado pelo crítico literário António Guerreiro, consta também da programação.
Nos habituais colóquios da esplanada, na Escola D. António da Costa, vão estar os encenadores Nuno M. Cardoso, Ivica Buljan, António Pires, Emmanuel Démarcy-Mota e os atores Viviane De Muynck e Natália Luiza.
As propostas musicais do certame incluem Manel Cruz, Rita Redshoes, Fernando Tordo, Sons de S. Tomé e Trio Motiv.
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