A série que já é a número 1 na Netflix tem todos os ingredientes para merecer uma sessão de binge na qual é despachada num único dia.
- O nome: "Anatomia de Um Escândalo" vem do livro de Sarah Vaughan com o mesmo título e é daqueles que, mesmo que não seja confundido com "Anatomia de Grey", vai captar a atenção do nosso olho e fazer-nos pelo menos espreitar esta série e ver do que fala.
- O resumo de 1 minuto (spoiler free): Sophia Whitehouse vê a sua vida virada do avesso quando o seu marido, James Whitehouse, ministro inglês do Interior e considerado um dos políticos mais charmosos do Reino Unido, é acusado de violação por parte de uma amante. O caso segue para julgamento, onde conhecemos a (aparentemente) implacável advogada Kate Woodcroft, que será responsável por demonstrar que Whitehouse é culpado. A procura pela verdade vai abalar a relação do casal Whitehouse, mas também a elite política inglesa, cuja ligação ao caso vai até ao primeiro-ministro, que é o melhor amigo de James desde o tempo em que estudavam na Universidade de Oxford.
- O que é que a série me faz lembrar: "Big Little Lies", "The Undoing" e "House of Cards" e não é por acaso. "Anatomia de um Escândalo" foi criada por Melissa Gibson e David E. Kelley, que foram individualmente produtores nessas séries e tentaram pegar em alguns dos melhores traços das mesmas para adaptar esta à televisão. Temos o tema do privilégio, do poder e da balança da justiça, mas também um contexto muito #MeToo, onde o conceito de consentimento e da perceção do que é um "sim" ou um "não" acabam por ser o centro da discussão.
- Porque é que podias gostar disto: Pelo elenco, que tem caras conhecidas como Rupert Friend, Sienna Miller e Michelle Dockery. Pela realização e edição, que, apesar de às vezes abusar um pouco do trabalho de câmara, está muito criativa na forma como as cenas avançam umas para as outras e de como a história circula entre o presente e os tempos de universidade de James, Sophie e companhia. O fim é um bocado agridoce, não é 100% satisfatório, e penso que a história podia ter sido um pouco mais trabalhada. No entanto, chegas aos últimos segundos do sexto e último episódio sem dares por isso.
Também vale a pena acompanhar: "Tokyo Vice"
Foi a recomendação que dei no episódio mais recente do podcast e aproveito a newsletter para a reforçar ainda mais. Se o nome da série te dá ares de "Miami Vice" não é uma coincidência dado que o produtor executivo é Michael Mann, realizador da versão de 2006 do filme e de outros clássicos como "Heat" e "Colateral" (e também assina o primeiro episódio desta série).
"Tokyo Vice" (trailer aqui) é baseado no livro de memórias de Jake Adelstein (Ansel Elgort) com o mesmo nome, um jovem americano que no final dos anos 90 decidiu mudar-se do Missouri para a capital japonesa, para estudar a sua língua, literatura e cultura e tornar-se no primeiro jornalista estrangeiro a trabalhar no mais importante jornal local, o Meichun Shimbun.
Aqui, Jake começa a acompanhar o submundo do crime de Tóquio e a estabelecer as primeiras relações profissionais (se se podem chamar assim) que lhe permitam investigar e contar as histórias que diferentes grupos - jornalistas, polícias e os gangues da Yakuza - não querem ver nas primeiras páginas. Os primeiros três episódios estão impecáveis e estou muito curioso para ver onde é que esta série pode ir.
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