“O museu tem diversos graus de importância”, começando pelo facto de “ser realmente o primeiro museu de banda desenhada em Portugal”, diz à agência Lusa o responsável pelo projeto e técnico da Câmara de Beja, Paulo Monteiro.

Segundo o também diretor da Bedeteca e do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, o museu vai “ocupar um espaço que era importante preencher” em Portugal, “o único país da Europa Ocidental” que não tem um museu dedicada à nona arte.

Por outro lado, frisa, o museu vai permitir reunir “uma parte significativa” do acervo português de banda desenhada, que é “fantástico”, porque Portugal “foi dos primeiros países do mundo a ter banda desenhada”.

A primeira história de banda desenhada publicada em Portugal, da autoria de António Nogueira da Silva, data de 1850 e, desde então, têm aparecido no país autores “incríveis, com movimentos muito importantes no contexto da banda desenhada europeia e mundial, que, no fundo, dão corpo a uma história da banda desenhada riquíssima e com pouco paralelo noutros países da Europa”.

Portugal tem uma “história fantástica” ao nível da banda desenhada e um dos autores pioneiros da nona arte portuguesa e europeia é Rafael Bordalo Pinheiro, o autor da personagem satírica de crítica social Zé Povinho, que se tornou um símbolo do povo português, lembra.

“A ideia é contar a história da banda desenhada no mundo, desde 1850 e até à atualidade, dando especial importância à banda desenhada portuguesa”, porque o acervo do museu será constituído na sua maioria por obras originais de autores portugueses, que já existem na Bedeteca de Beja ou vão ser doadas, explica Paulo Monteiro.

O acervo do museu também vai ter “muitas obras” de autores estrangeiros, nomeadamente franceses, italianos, espanhóis, brasileiros e argentinos.

Por outro lado, o museu vai “promover a nona arte” e trazer “visibilidade e estatuto” à banda desenhada e aos autores, o que “é necessário numa arte que durante muito tempo foi secundarizada em relação a outras”.

O equipamento vai ter peças originais em exposição, mas “não será um museu estático”, porque terá uma “forte componente multimédia”, irá acolher a Bedeteca de Beja, atualmente a funcionar na Casa da Cultura, disponibilizar aos interessados espaços de trabalho e galerias para exposições temporárias e promover ateliês, nomeadamente de banda desenhada, serigrafia e ilustração,

“A ideia é criar um museu que seja também um polo de atração” de artistas de banda desenhada, explica, referindo que “não é um equipamento para servir só o concelho” de Beja, “mas também para servir um bocadinho todo o país”.

Segundo a autarquia, a cidade de Beja, onde, desde 2005, há uma bedeteca, uma das poucas em Portugal e a única no sul do país, e decorre, anualmente, um festival internacional de banda desenhada, “reconhecido um pouco por toda a Europa”, projetos dirigidos por Paulo Monteiro, afirma-se como “um dos principais centros” de difusão da “nona arte” em Portugal.

A cidade “já tem tradição e está muito ligada” à banda desenhada e, por isso, a Câmara de Beja decidiu criar o museu para “reconhecer o trabalho que tem sido feito pelo município” no âmbito da banda desenhada e “criar outras dinâmicas e aproveitar tudo o que tem a ver” com esta arte, conta à Lusa o presidente da autarquia, João Rocha.

O museu vai ser instalado num edifício propriedade do município e situado na rua Dr. Afonso Costa, vulgarmente conhecida como rua das Lojas, no centro histórico de Beja.

Neste sentido, a criação do Museu da Banda Desenhada “vai ao encontro” da estratégia Câmara de Beja de promoção, dinamização e valorização económica do centro histórico da cidade, frisa o autarca, referindo que o município está a trabalhar o projeto e ainda não definiu o investimento necessário nem uma data para a criação do museu avançar no terreno.