Nos estaleiros onde se constroem os carros, trabalha-se horas a fio para concluir até à última hora os carros alegóricos, conhecidos pela habitual sátira política e social.
Os criativos dão largas à imaginação para, em ano de centenário, não só mostrar a história dos desfiles deste Carnaval, como também projetar o seu futuro, dando pela primeira vez movimento às caricaturas dos carros alegóricos, que até agora eram estáticas.
“Como artistas também queremos dar um marco nos 100 anos e temos uma abordagem diferente, tornando os caros mais animados, mais interativos”, afirmou à agência Lusa Bruno Melo, um dos criativos, que apostou nos “movimentos mecânicos e manuais” dos carros.
Uma bruxa que envenena o planeta é a metáfora das alterações climáticas.
Também o conflito entre Rússia e Ucrânia não é esquecido e é transformado em jogo de xadrez, em que Putin desafia a personagem do filme ‘Star Wars’ Darth Vader, enquanto o presidente norte-americano, Joe Biden, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, tentam aniquilar a Rússia.
O Zé Povinho surge a representar todos os portugueses, a ter pesadelos com personagens da política e economia portuguesas e com os programas de entretenimento das televisões.
O estado do mundo do futebol também não é esquecido e é representado por uma bola a transformar-se em caveira e a vomitar outras modalidades desportivas.
Além dos carros alegóricos, “todo o evento acaba por estar melhorado”, disse a presidente da câmara, Laura Rodrigues, dando como exemplos o monumento alusivo ao Carnaval instalado no centro da cidade e outros eventos do programa, como a chegada dos reis, com um espetáculo multimédia.
Entre outras artes, foi lançada uma nova música alusiva ao centenário, que é interpretada por Susana Félix e NBC, ambos de Torres Vedras.
Com um investimento de quase um milhão de euros, a cidade de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, prepara-se para receber mais de meio milhão de visitantes nos seis dias de folia.
“Estamos preparados, quer ao nível da segurança, da saúde, proteção civil, para receber mais de meio milhão de foliões”, tranquilizou a presidente da Câmara.
Laura Rodrigues (PS) adiantou que o município quer candidatar o seu Carnaval a património mundial, estando a iniciar esse trabalho de estudo.
Em março, o Carnaval de Torres Vedras, conhecido como “o mais português de Portugal” por manter as tradições do entrudo português, foi inscrito no Património Cultural Imaterial Nacional.
O Carnaval começa hoje com o corso escolar, com nove mil crianças e jovens, de manhã, e a chegada e entronização dos reis.
Depois de dois anos sem festejos devido à pandemia de covid-19, regressam os habituais corsos diurnos e noturnos, em que desfilam os seis carros alegóricos e milhares de foliões mascarados espontâneos, muitos dos quais disfarçados de matrafonas (homens mascarados de mulheres), como é típico no concelho de Torres Vedras, no distrito de Lisboa.
O evento volta a ter quatro palcos de animação noturna ao ar livre, onde atuam os artistas Miguel Bravo, no sábado, e Ruth Marlene, na segunda-feira, além de vários ‘dj’, até às 04:00, continuando a animação até de manhã nos bares e discotecas da cidade.
Comentários