A sessão evocativa do centenário da morte de Guerra Junqueiro, que morreu na madrugada de 7 de julho de 1923, assinalou o arranque das comemorações, que se prolongam por um ano e passam por quatro cidades onde o poeta viveu e desenvolveu os seus trabalhos: Freixo de Espada à Cinta (Bragança), Porto, Lisboa e Viana do Castelo.

No Porto, o arranque das comemorações ficou marcado pelo lançamento de uma "edição inédita" que recupera as colaborações entre Guerra Junqueiro e os artistas António Carneiro e Teixeira Lopes, publicada n'O Comércio do Porto Ilustrado e no Diário de Notícias Ilustrado.

"Imagens da Palavra" conta com 27 poemas harmonizados com 18 ilustrações de António Carneiro e seis da autoria de Teixeira Lopes, entre ilustrações de poemas e separadores de edição.

A obra, salientou o diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, Jorge Sobrado, é a "primeira manobra de uma operação mais vasta de avivamento" do poeta e também o "resgate de um património muito pouco conhecido".

Jorge Sobrado destacou ainda que as comemorações do centenário são "uma forma de devolver a voz" do poeta, visando, sobretudo, aproximar novos públicos da sua obra e promover a compreensão sobre a figura histórica e o seu tempo.

Depois de alguns momentos musicais, a sessão contou com um momento de conversa sobre a obra do poeta entre a diretora regional de Cultura do Norte, Laura Castro, o crítico de arte e ensaísta Bernardo Pinto de Almeida e o professor Henrique Manuel Pereira, que coordenou a investigação da obra.

Até julho do próximo ano, a cidade do Porto vai realizar várias iniciativas para "valorizar o legado cultural, artístico e cívico do poeta", entre as quais uma exposição de longa duração que será inaugurada, em setembro, no Museu Guerra Junqueiro.

O programa contempla ainda um ciclo de conversas, intitulado "Guerra Junqueiro, Moderno e Ímpio", uma série de programas educativos, publicações, leituras e a criação da Biblioteca de Guerra Junqueiro, no âmbito do projeto Biblioteca Errante.

Numa mensagem vídeo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lembrou Guerra Junqueiro como um "poeta genuíno e cidadão empenhado".

Também o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, destacou o simbolismo de Guerra Junqueiro para a cidade e os ideais que preconizou como a "liberdade, igualdade, justiça social ou solidariedade".

"Guerra Junqueiro é um referência intelectual, cívica e cultural da nossa cidade (...) No que depender do município do Porto, o património literário, intelectual e político de Guerra Junqueiro não cairá no esquecimento", acrescentou.

Guerra Junqueiro, que nasceu a 15 de setembro de 1850 em Freixo de Espada à Cinta, foi poeta, político, deputado, diplomata, jornalista, escritor, filósofo, colecionador e agricultor.

O poeta, considerado por muitos contemporâneos como o “Victor Hugo português", pertenceu ao meio literário intelectual do final do século XIX junto de nomes como Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e Oliveira Martins, os chamados "Vencidos da Vida", como chegaram a designar-se, pela perda de aspirações no contacto com a realidade da época.

Durante um ano, Guerra Junqueiro, que está sepultado no Panteão Nacional, em Lisboa, será recordado com diversas iniciativas, nomeadamente exposições, palestras, reedições, novas publicações, concertos e atividades educativas.

As iniciativas têm início hoje com homenagens solenes no Porto, Lisboa e Freixo de Espada à Cinta, que envolvem um concerto, a atribuição de um prémio literário com o seu nome, o lançamento de uma publicação inédita e a inauguração de uma exposição.

No Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, é inaugurada a mostra "A Coleção de Guerra Junqueiro", que reúne "uma parte significativa da coleção do poeta", composta sobretudo por pintura e escultura dos séculos XIV ao XVI, atualmente integrada no acervo do museu. A sessão de hoje conta com uma evocação do escritor, pelo professor Guilherme d'Oliveira Martins.

A exposição fica aberta ao público no MNAA a partir de sábado, 8 de julho, até 1 de outubro.

A 15 de setembro, dia em que se celebra o nascimento de Guerra Junqeiro, Lisboa e Porto vão assinalar a data com concertos, inauguração de exposições e ciclos de conversas.

Dentro de um ano, a 6 de julho de 2024, as quatro localidades encerram as atividades através do lançamento de publicações e de novos prémios, assim como de uma nova biografia sobre Guerra Junqueiro.