O romance narra a vida de um comediante que se vai revelando durante uma atuação noturna, num espaço de 'stand-up', na cidade de Cesárea, e, através dela, e da relação com o público, começa a desvendar-se uma história mais profunda, que irá alterar a vida das personagens.

“No palco decadente de uma pequena cidade israelita, Dov Grinstein, um humorista em fim de carreira, apresenta uma comédia de 'stand-up’. No público está Avishai Lazar, um juiz que o conheceu em criança, e alguns outros que se lembram de Dov como um rapaz estranho e magro, que andava sobre as mãos para confundir os agressores do bairro”, adianta a editora portuguesa, em comunicado de imprensa.

“As piadas de Dov são mais ou menos sagazes, no limite do politicamente correto e do bom gosto, passeando por temas tão amplos quanto o conflito israelo-árabe e os palavrões proferidos por um papagaio, e provocam o riso da plateia, mas também o seu desconforto. Com o passar da noite, porém, o espetáculo torna-se um exercício de memória e, à medida que Dov expõe os seus dramas pessoais mais profundos, a tensão aumenta e o humor esvai-se, dando lugar a uma melancolia comum a todos”, adiantam as Publicações D. Quixote, que chancelam a obra.

Nick Barley, presidente do Man Booker 2017, quando foi conhecido o vencedor, em junho passado, referiu que este livro “lança uma nova luz sobre os efeitos da tristeza, sem traços de sentimentalismo”.

“Deixaram-nos boquiabertos os riscos emocionais e estéticos que Grossman assume: cada frase conta, cada palavra conta, neste exemplo supremo de arte de um escritor”, declarou Nick Barley.

David Grossman nasceu em Jerusalém, em 1954, e começou a sua carreira como jornalista, tendo sido despedido da emissora de rádio onde trabalhava, devido às suas posições críticas sobre Telavive.

Iniciou-se na literatura nos anos 1970 e é autor de obras traduzidas em português, como “Ver: amor”, “Até ao Fim da Terra”, “Em Carne Viva” ou “O Mel do Leão”.

São públicas as suas críticas à ocupação israelita dos territórios palestinianos e a sua defesa do processo de paz.

O autor perdeu o seu filho Uri, na segunda guerra do Líbano, em 2006.