O espetáculo conta com parceria do Teatro Nacional São João, na organização e teatralização de diferentes sequências.
No início, um manto de fumo branco invade o palco do Coliseu e o sonho do avô Paulo, contado na primeira pessoa pelo seu neto Julião, arranca com duas acrobatas a fazer um espetáculo de ‘hula hoop’ e antipodismo com arcos e almofadas a girar nos pés e mãos de forma frenética.
Os vários números de circo sucedem-se a um ritmo ativo e o espetador só consegue parar de suster a respiração das acrobacias na corda de balanço ou da manifestação das princesas em protesto por mais metros quadrados no palácio real, quando o neto Julião regressa ao palco para dar mais detalhes do sonho do avó Paulo, que chegou a sonhar que havia aviões a enviar do céu rebuçados para a ilha das crianças.
“Estar dentro dos sonhos dos outros é uma grande responsabilidade (…). O avô desde criança que sonhava em trabalhar num circo e ser palhaço e trapezista”, exclama o neto Julião, lembrando que para mantermos vivos os avós é preciso lembrar as suas memórias.
Em entrevista à Lusa sobre qual a história que se vai contar no espetáculo do Circo de Natal, o escritor Gonçalo M. Tavares, Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores e Prémio Literário José Saramago 2005, declara que a história é só “mesmo o ponto inicial” e que depois o resto do trabalho é de “encenador, artistas, músicos”.
“A história é o primeiro tijolo [do espetáculo] e tem muito a ver com a questão da memória, com a questão das histórias que mantêm de alguma maneira os mais velhos vivos; tem muito a ver com uma espécie de imaginário que o avô tem, contado pelo neto. É um neto a contar histórias que ouvia do avô. Tem muito a ver com esta questão da memória e também com a memória do Coliseu”, descreve o escritor, sublinhando que a única maneira de manter viva a memória do avô é através das histórias do neto.
No sonho do avô Paulo também há um povo chamado “etc” onde os pais “só têm filho e etc”, onde os namorados apenas dizem “gosto de ti e etc” ou onde para saber as direções na cidade o habitante diz “vira à direita e etc”.
“Foi extremamente divertido. Está um alinhamento muito engraçado. É uma história do Gonçalo M. Tavares que, ao mesmo tempo, se costura com um conjunto de números de circo programados pelo Coliseu”, em colaboração com o Teatro Nacional São João, que “nos pediram para que nós de alguma forma organizássemos e de alguma forma teatralizássemos o espetáculo”, explica à Lusa o diretor artístico do Teatro Nacional de São João, Nuno Cardoso, que fez questão de sublinhar que foi a sua primeira vez a trabalhar no circo.
O fio condutor do espetáculo de Circo de Natal do Coliseu Porto Ageas é a história de um neto, que é contabilista, e que fala dos sonhos do avô.
Neste espetáculo há artistas em terra a surpreender com malabarismos e outros a voar num trapézio, há hula-hoops, antipodismo, báscula coreana, mastro chinês, corda balanço, tecido acrobático, espetáculo com arame e, claro, palhaços e magia.
A estreia está marcada para dia 15 de dezembro, às 21:00, e conta com várias sessões até 7 de janeiro de 2024.
As crianças até aos 12 anos têm desconto de 50% e, até aos três anos, desconto de 75%.
Os amigos do Coliseu e portadores do Cartão Porto usufruem de 20% de desconto.
O espetáculo foi desenvolvido e programado pelo Coliseu, com parceria do Teatro Nacional São João, e combina “clássicos da tradição circense com a contemporaneidade, resultando num espetáculo circense único em Portugal”, lê-se no texto de apresentação dado aos jornalistas durante o ensaio para a imprensa, hoje realizado.
O espetáculo conta com artistas portugueses, alemães, britânicos, norte-americanos, italianos e dinamarqueses.
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