Cláudia Pascoal gosta de “entreter as pessoas”, tendo começado a tocar guitarra “muito cedo, numa de tocar para festas”. “A minha vida profissional desenvolveu-se na base de entreter pessoas”, contou, e foi por isso que, no seu caso, “a música desenvolveu-se a partir do entretenimento”.

“Comecei a ter bandas para tocar na rua, para tocar em festas, depois comecei por tropeçar nos programas televisivos [participou em “Ídolos”, “Fator X” e “The Voice Portugal” e, com Isaura, venceu o Festival da Canção em 2018] que me deram esta oportunidade”, recordou.

A experiência de televisão foi usada sempre “como algo muito positivo, numa forma de crescimento e apenas isso”.

“Agora, com um álbum, já me estou a mostrar como uma pessoa que cria coisas e se define como músico, estou a tentar construir essa imagem. Mas, se as pessoas não entenderem dessa maneira, não faz mal nenhum”, disse.

Cláudia Pascoal levou dois anos a ter o álbum de estreia pronto, o tempo que levou para tentar perceber quem é musicalmente.

“Foi toda uma construção de perceber o é que eu era na música, principalmente a escrever em português, e o Tiago Bettencourt [produtor do álbum] foi uma chave essencial”, contou, em entrevista à Lusa.

Tiago Bettencourt, partilhou, costuma dizer que ela é a sua “My Fair Lady” [em referência ao filme, com o mesmo nome, protagonizado por Audrey Hepburn], porque chegou com a “pronúncia do Norte e a saber quatro acordes”, e de repente os dois construíram algo de que a cantora está “muito orgulhosa”.

Além de produtor, Tiago Bettencourt acabou por ser também o autor da letra e música de um dos temas, “Vem também”, e não foi o único a quem Cláudia Pascoal recorreu na parte da criação.

“Logo no início, estabeleci uma limitação: ‘OK, se eu tenho de fazer um álbum não vou conseguir escrever 12 músicas, nunca na vida’. Comprometi-me a fazer meio álbum, e o resto decidi convidar pessoas”, disse.

Para escolher os convidados, bastou-lhe pensar nos álbuns que ouve e a que músicos vai buscar inspiração para escrever.

“Eu sou ‘viciadona’ em todos os álbuns do David Fonseca, do [Tiago] Bettencourt, do Samuel Úria, da Joana Espadinha e do Miguel Lestre (dos Prana)”, contou. A lista de compositores de “!” fica completa com Pedro da Silva Martins e José Luís Martins, dos Deolinda, e a própria Cláudia Pascoal.

Todos eles, e outros músicos, como Jorge Benvinda, Isaura, Murta, Elisa, Tomás Adrião e Martim Torres, dão voz ao tema que fecha o álbum, “Música de um acorde”, que materializa um sentimento de Cláudia Pascoal.

“Eu odeio mesmo a ideia de que este álbum é meu e de que estas músicas são minhas. Não, dependem de uma equipa incrível de várias pessoas, que te ajudam e que gravam e estão lá, mesmo que não tenham sido elas a escrever, estão lá no processo. A última música é isso mesmo, chamar as pessoas que fizeram parte do processo. Portanto, é uma comemoração, de criação de música”, explicou.

Este tema conta ainda com a participação do radialista e humorista Nuno Markl, que empresta a voz também a “pppfffrrr”, a faixa de abertura, que dá ao álbum um lado “humorístico”, que Cláudia Pascoal sempre disse que “não queria perder”.

“As pessoas têm muito ainda essa síndrome um bocado negativa de que as músicas têm que ser muito sérias, para falar sobre coisas muito sérias. Eu acho que a música tem que ter esse lado, como tem também neste álbum, mas também tem um lado muito leve, que é brincar com coisas sérias. Acho que me traduzo assim mesmo: brincar com coisas sérias, mas de uma forma inteligente e musical”, defendeu.

A introdução e o final de “!” com Nuno Markl em destaque “acrescenta imenso ao álbum, acrescenta exatamente esse lado humorístico”.

“O álbum cresce de uma forma mais séria e mais adulta para as últimas músicas, e depois finaliza com o Nuno Markl e volta outra vez à parvoíce, o que para mim é ótimo”, referiu.

A preocupação de Cláudia Pascoal com a ‘estética da música’ é notória, tal como é com um dos seus “artistas de referência: David Fonseca”.

“Ele sempre foi um artista que dá muita importância ao lado estético e à composição que a música tem, não só musical, mas também todo o envolvimento audiovisual do álbum. Eu venho de cursos artísticos, visuais e isso sempre foi de uma extrema importância para mim”, contou, partilhando que na gravação dos videoclipes esteve “sempre muito em cima” e foi “muito chata”.

Para a criação da capa, contra capa e do livrete, Cláudia Pascoal convidou Wandson Lisboa. “É meu amigo e adoro tudo o que ele faz, e tem esse lado humorístico sempre muito associado. Estou super contente com o resultado final”, partilhou.

Na música, consegue “unir o melhor de todos os mundos”.

“Estou a conseguir criar conteúdos audiovisuais, ‘sketches’, um espetáculo de forma diferente, estou a criar coisas únicas, e para mim esse sim é o meu sonho e estou a concretizá-lo, completamente”, disse.

Os espetáculos de apresentação de “!”, que “não vão ser concertos normais”, acabaram por ser adiados, devido à pandemia da covid-19, mas “os planos vão manter-se” e mal haja datas, Cláudia Pascoal irá anunciá-las.

Até lá, levanta uma ponta do véu: “vai ser um espetáculo diferente, no sentido que não vão estar todos os músicos em palco, mas vou ter alguns amigos imaginários representados por objetos e imagens audiovisuais, que vão complementar esse espetáculo”.

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