O Sons da Cidade, evento que assinala a inscrição de Coimbra na UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), começa na sexta-feira e termina no domingo, este ano com um convite à “deambulação” pela cidade.
No primeiro dia da iniciativa, haverá a inauguração do memorial Universidade de Coimbra, Alta e Sofia, o espetáculo “Jungle Red”, de Carlota Lagido, e a exibição do filme “Universidade de Coimbra, Alta e Sofia: Vamos Descobrir?”, que procura enquadrar a história do património classificado ao público escolar, quando visitam Coimbra.
Nesse mesmo dia, pelas 14:30, decorre uma conversa intitulada “Universidade de Coimbra, Alta e Sofia: Património Mundial”, com intervenções do representante de Portugal junto da UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, o presidente da Comissão Nacional da UNESCO, José Filipe Moraes Cabral, e o titular da cátedra UNESCO “Diálogo Intercultural em Patrimónios de Influência Portuguesa”, Walter Rossa.
No sábado, haverá visitas guiadas com diferentes perspetivas sobre o património da cidade – do património construído durante o Estado Novo, aos colégios universitários e às histórias dos moradores da Alta de Coimbra.
Entre sábado e domingo, é apresentada a performance “Já Só o Vento Canta”, dirigida pelo poeta sonoro Américo Rodrigues e com a participação de várias pessoas, que, deambulando pela Alta, apresentam um trabalho experimental, onde abordam escritores com uma ligação a Coimbra, como José Régio, Miguel Torga ou Herberto Helder, num projeto que trabalha tanto a palavra, como o som ou o movimento.
Ainda no sábado, também é apresentado “ECOimbra”, um projeto de Carlos Alberto Augusto (programador da área da música na Coimbra Capital Nacional da Cultura, em 2003), que junta seis percussionistas na Praça do Comércio, acompanhados por um trabalho sonoro pré-gravado e difundido em vários pontos da praça.
No último dia de festa, há uma apresentação pública de um ensaio corrido do “Sofia, Meu Amor”, um espetáculo da Trincheira Teatro, na Rua da Sofia, que vai estrear no dia 30.
O Sons da Cidade termina com um concerto no Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV) da cantora brasileira Adriana Calcanhotto, embaixadora da Universidade de Coimbra.
Todos os eventos são gratuitos com exceção do concerto de Adriana Calcanhotto e de um jantar no Largo do Poço.
Esta é uma iniciativa coorganizada pela Universidade de Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra e Jazz ao Centro Clube.
Câmara destaca valores humanistas e universalistas de Coimbra Património da Humanidade
A classificação de Coimbra como Património Mundial da Humanidade é o reconhecimento, “à escala do planeta, dos valores humanistas e universalistas” que são “a marca identitária” da cidade, disse à agência Lusa o presidente da Câmara, Manuel Machado.
A distinção, há cinco anos, da Universidade de Coimbra, da Alta e da Rua da Sofia, que despertou “um sentimento de júbilo responsável”, diz respeito ao património edificado, mas também à “dimensão imaterial” da cidade “reconhecidamente construtora e difusora, durante séculos, da língua e cultura portuguesas”, sublinha o autarca socialista.
Mas a classificação da Universidade, Alta e Sofia como Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) também afirma Coimbra, com “uma intensidade e uma visibilidade nunca antes” registada a nível internacional, como “uma cidade central para a ciência e para a cultura europeias”, sustenta.
Uma afirmação de uma centralidade que é, sem dúvida, resultado da sua história patrimonial, artística, científica e cultural, afirma Manuel Machado.
Mas isso – acrescenta – é mérito, sobretudo, dos “atuais produtores de cultura, de ciência, de arte, de inovação, de espetáculos que atuam na cidade de hoje”, na “grande e notável urbe do estudo, do conhecimento e da produção cultural dos nossos dias”.
Há cinco anos, quando foi conhecida a decisão da UNESCO, Manuel Machado disse que a atribuição do título de Património da Humanidade a Coimbra responsabilizava “todos sem exceção” e hoje constata-se que (todos) a conseguiram transformar num instrumento que tornou a cidade “mais competitiva nacional e internacionalmente”.
Nestes anos, Coimbra “ganhou muitos mais turistas”, a sua programação cultural deu “um salto quantitativo e qualitativo enorme”, a reabilitação urbana avançou, com passos que “nunca tinham sido dados antes”, e o espaço público melhorou, destaca.
O balanço destes cinco anos, que “é positivo”, deve ser feito “não como mero exercício de autocomprazimento, mas como rampa de lançamento para o próximo desafio, muito sério, que se coloca a Coimbra”, que é a sua candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, conclui Manuel Machado.
Por outro lado, o reitor da Universidade de Coimbra, João Gabriel Silva, defendeu à Lusa que a classificação “deu um impulso decisivo para que a singularidade de Coimbra fosse reconhecida pelo mundo em geral, mas também pelos habitantes da cidade, da região, e até pelos próprios membros da comunidade universitária”.
“O património físico tornou-se mais conhecido, atraindo mais visitantes, mas também o papel que a Universidade de Coimbra teve na evolução da nossa civilização ganhou uma visibilidade que não tinha. De facto, principalmente durante a expansão portuguesa, a Universidade de Coimbra teve um papel central na conformação das ideias que sempre subjazem à evolução humana, do Brasil à Índia, da África à China e ao Japão. Esta influência ainda hoje é bem visível, e encaminha-nos para aquela que só pode continuar a ser a missão, eu diria o destino, da Universidade de Coimbra: ser uma Universidade Global”, disse.
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