A estimativa, "por baixo", resulta da soma de álbuns e singles, em vinil, e CD que o ourives tem guardados numa sala, com mais de 85 metros quadrados, da casa onde reside nos arredores de Viana do Castelo.

"Somando a dimensão dos mais de 15 mil álbuns, cinco mil singles e 20 mil CD chegamos quase aos oito quilómetros de extensão", estimou o empresário, de 63 anos.

Victor Coutinho diz que gostaria "muito” de poder partilhar a paixão de uma vida com os "vianenses, o país e o mundo", num espaço próprio para o efeito.

"Poderei, gratuitamente, colocar o espólio ao serviço da comunidade. Terei todo o prazer e orgulho em partilhar", referiu, lembrando o "sucesso" da exposição que realizou, faz no final do mês dois anos. A mostra dedicada aos Beatles durou dois meses e foi visitada por cerca de cinco mil pessoas.

Na calha, Victor Coutinho disse ter “grandes projetos", mas que os quis revelar antes de estarem garantidos.

Na casa onde reside mostra o espólio que preenche um compartimento inteiro e dispara: "Já tenho tudo, não me falta nada na minha coleção".

Contudo, rapidamente se apressa a corrigir: "Bem, se aparecer alguma raridade não sei se resistirei".

O vinil “She Loves You”, dos Beatles, a sua banda de eleição, foi o primeiro que comprou "com critério", ultrapassada a fase de "acumulador".

"Tinha uma avó que patrocinava e, nessa altura, comprava tudo o que me aparecia, sem conhecimento de causa. Agora sou minucioso, procuro apenas o disco raro", referiu.

Dos mais de 40 mil discos do empresário, nascido no Congo Belga e desde os três anos a viver em Viana do Castelo, "cerca de quatro mil" são exemplares raros da banda britânica.

"Claro que os Beatles não lançaram tantos discos. Tenho vinis de edições da Coreia, Singapura, Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, França, Portugal, Jugoslávia, Rússia, entre muito outras edições especiais", revelou.

Como exemplo, apontou o oitavo álbum da banda, pois tem o disco “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band” assinado por Paul McCartney.

A primeira edição de "Let it be", o vinil "Help", com a concha da Shell, concebido para a petrolífera, e até gravações que a BBC fez da banda integram o material que espalha pela sala inteira, distribuído por prateleiras, enormes gavetas, e até pelo chão. Nas paredes, fotos, quadros e outros apontamentos relacionados com os Beatles revestem o seu "santuário", que apesar de "aparentemente" desorganizado, está "devidamente identificado".

"Sei onde está tudo, onde comprei, porque comprei como comprei", aponta, avançando que organiza a coleção pela ordem do abecedário, colocando primeiro as bandas e depois os solistas.

Nas estantes repletas de discos de vinil e CD, há música portuguesa, norte-americana, inglesa, francesa e italiana, entre outras.

"Tenho de tudo um pouco. Também tenho filmes, quadros, relógios, loiças, brinquedos, coleções de cromos, livros", especificou, lembrando o início da "doença" de colecionador.

Os álbuns "World", dos Bee Gees, e "Mighty Queen", de Manfred Mann, foram-lhe oferecidos pela avó, como prenda de aniversário. Tinha então 12 anos e "não sabia bem o que fazer com os discos", pois faltava o gira-discos.

Nos últimos anos, aos discos e filmes foi juntando outros produtos que vai encontrando em viagens, mas todos relacionados com a banda britânica.

O gel que os Beatles usavam no cabelo, a bússola temática do filme “Yellow Submarine”, miniaturas do carro e do autocarro onde os músicos se deslocavam são alguns dos objetos que faz questão de mostrar.

Que destino terá, no futuro, "a paixão de uma vida" é a pergunta que o assalta frequentemente, mas não é nada que lhe tire a vontade de continuar a enriquecer a coleção.

"Doar, não vou doar, mas quero muito partilhar. Quando já cá não estiver os meus dois filhos decidirão", concluiu.