A licitação abriu nos 200 mil francos suíços (182 mil euros), mas a “excecional coroa de Bragança”, segundo o leiloeiro, acabou por ser arrematada por 1,45 milhões de francos suíços (1,321 milhões de euros), a que acrescem as comissões da leiloeira e impostos, totalizando 1,77 milhões de francos suíços (1,613 milhões de euros), depois de uma intensa disputa entre licitadores a partir de Londres.

Segundo a descrição da leiloeira, trata-se de uma tiara, datada da década de 1840, cravejada de diamantes e safiras, com "uma notável safira birmanesa no centro".

Contactada pela agência Lusa aquando do anúncio do leilão, no final de março, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) disse estar "a analisar a situação e a obter todas as informações necessárias [relativamente a uma eventual aquisição]", através do diretor do Palácio Nacional da Ajuda, José Alberto Ribeiro.

Contactada hoje pela Lusa antes do leilão, fonte oficial da DGPC não quis fazer comentários.

O Estado tem previsto a efetivação do Museu do Tesouro Real, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, com abertura prevista para junho.

A dada altura, durante o leilão, bateram-se palmas quando foi arrematado, por perto de 2,9 milhões de euros (mais taxas e impostos), um anel de diamantes da parisiense Boucheron, levando o leiloeiro a afirmar que “há muito que não se ouvia esse som num leilão”.

A tiara de diamantes e safiras que pertenceu à rainha Maria II partiu para leilão com uma estimativa entre os 170 mil e os 350 mil francos suíços (155 mil e 319 mil euros).

Diretor do Palácio da Ajuda diz que faltou "capacidade" financeira para comprar coroa da rainha Maria II

O diretor do Palácio Nacional da Ajuda lamentou hoje que a coroa que pertenceu à rainha Maria II não tenha sido adquirida para o Museu do Tesouro Real por falta de capacidade para fazer maiores licitações.

Contactado pela agência Lusa e questionado sobre a razão pela qual não foi possível adquirir a coroa de diamantes e safiras que foi hoje leiloada pelas Christie's, José Alberto Ribeiro justificou com a incapacidade de acompanhar o leilão que acabou em 1,3 milhões de euros.

“Essa pergunta vai ter de fazer à ministra [da Cultura, Graça Fonseca], porque a Direção-Geral do Património Cultural e o Palácio Nacional da Ajuda, dentro daquilo que nos era possível… Estive a licitar, até ao montante que tinha”, explicou.

O responsável esclareceu que assim que se soube que a coroa iria ser leiloada pela Christie's foram encetados diálogos “com a família que era proprietária da peça”, no sentido de “chegar a um entendimento” e comprá-la.

Contudo, a família que detinha a peça que pertenceu à monarquia portuguesa queria “mesmo levar a peça a leilão”, já que deste modo os valores poderiam ser bastante superiores.

“Depois tentámos, neste curto espaço de tempo, através de empresas, através de mecenato, pedir dinheiro. Conseguimos algum e dentro dos valores que a Direção-Geral do Património Cultural também conseguiu dispor, os orçamentos não são muito largos… Fomos a leilão e não conseguimos”, lamentou José Alberto Ribeiro.

Os “quase 400.000 euros” angariados e “outros quase tanto” disponibilizados pela Direção-Geral do Património Cultural não foram suficientes: “Se tivéssemos tido mais dinheiro, obviamente tínhamos conseguido chegar ao valor que não chegámos. Não conseguimos, é um valor muito alto, quase 1,5 milhões de francos suíços.”

Contudo, a peça ainda poderá vir a ser exibida no Museu do Tesouro Real, cuja inauguração está agendada para junho, uma vez que o diretor do Palácio Nacional da Ajuda vai contactar o novo proprietário da coroa sobre a possibilidade de a peça fazer parte do espólio.

“Já estou a realizar esforços, precisamente, nesse sentido. Agora tudo depende da sensibilidade do comprador, que, neste momento, ainda não sei quem é”, frisou José Alberto Ribeiro, que já sabe, no entanto, que “era alguém de Londres” e espera ter acesso ao resto da informação “muito rapidamente”.

O responsável lembrou que “não há muitas peças com esta raridade e com esta simbologia” e esta em particular tem o “valor simbólico de ser a tiara mais antiga ligada à Casa Real portuguesa”.

[Notícia atualizada às 21:30]

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.