O livro junta crónicas publicadas nos últimos cinco anos por Ricardo Araújo Pereira, organizadas pela editora Bárbara Bulhosa, e apresenta-se como um livro de “rabugices sobre os novos puritanos e outros agelastas”, ou seja, pessoas sem sentido de humor, e chega às livrarias no dia 10 de novembro.
O livro assenta numa base de liberdade de expressão, a partir da qual o autor discorre sobre o mais variados temas, que vão de assuntos relacionados com Portugal e com a língua portuguesa – como revela o título -, até às novas tecnologias, redes sociais e seus justiceiros, política e a “escatologia dos euros”.
Além da liberdade de expressão, está sempre igualmente patente o reacionarismo que o próprio autor assume, designadamente em relação a “novidades como o ‘brunch’, as caixas de comentários de jornais ‘online’, a moderna utilização do adjetivo ‘brutal’, o pensamento positivo, as notícias do ‘lifestyle’, e todos os meios de comunicação inventados depois do telégrafo”, lê-se na contracapa.
Sobre estes temas, “o autor é reacionário, com dois cês, como deve ser”.
Dividido em quatro capítulos – “Comente o Seguinte País”, “Admirável Facebook Novo”, “Então mas o Que É Isto?”, e “Assim Como Nós Não Perdoamos a Quem Nos Tenha Ofendido” -, este novo livro sucede ao ensaio “A Doença, O Sofrimento E A Morte Entram Num Bar”, editado em dezembro de 2016.
Na primeira parte, encontram-se crónicas como “O assassino favorito de Santa Comba Dão”, “007 contra gold visa”, “A leste do paraíso fiscal”, “Dai a Centeno o que é de Centeno”, “EMEL vs ASAE: o recontro final”, “Um disco riscado chamado Portugal”, “Escatologia dos euros” e “Quando Deus entrou no meu carro”.
No capítulo dedicado ao Facebook, é abordada a temática da ‘selfie’, sob o título “A propriazinha”, o “E-aborrecimento”, “O feice e o martelo”, “Uma coisa em forma de lifestyle”, ou “Frankenstrump, uma história menos conhecida de Mary Shelley”.
“Contra o corte cego da consoante muda”, “20 anos de sms: k balanço?”, “Porque é que todos os motoristas de táxi são de direita?”, “O que somos quando somos Charlie”, “O feminismo favorito dos machistas”, “Donald Trump e O Costa do Castelo: um estudo”, “Javardice geracional”, “A vagina de Marine Le Pen” e “24 de Abril, sempre. Democracia nunca mais” são algumas das crónicas dos dois últimos capítulos do livro, que termina com uma “Auto-entrevista”.
A irreverência e o humor de Ricardo Araújo Pereira são explicados por ter crescido em colégios religiosos, onde se habituou a ouvir avisos de sacerdotes como “não se diz essa palavra”, “com esse assunto não se brinca” ou “essa figura é sagrada”, que, depois de velho, continua a ouvir da boca de “outros sacerdotes”, que traduzem “puritanismo, aversão ao riso, a vontade de castigar e a convecção de que o castigo é aplicado por juízes infalíveis”, pode ler-se no livro.
Ricardo Araújo Pereira participou, no dia 28, no Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos, onde protagonizou um dos momentos mais concorridos do festival, juntamente com o humorista brasileiro Gregório Duvivier.
Deste autor, a Tinta-da-China acaba de editar “Sonetos”, um livro de poesia humorística, para já apenas publicado em Portugal.
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