"De Ivanzinho a Ivan, o terrível", é assim que o jornal brasileiro "O Globo" abre a história do ator, agora com 34 anos. Ivanzinho era um miúdo problemático, mas mesmo assim estava envolvido em alguns projetos sociais no Vidigal. Foi assim que chegou à "Cidade de Deus", um filme que retrata a vida numa favela brasileira, dominada pelo crime e pela crueldade dos jovens soldados do tráfico de droga.

Ivan terá começado a vida no crime ainda antes do filme de 2002. Trabalhava como mototaxista e foi apanhado depois de ter roubado um carro na Barra da Tijuca. Poucos anos depois continuava a ter problemas com a polícia pelo roubo de carros, tendo sido em 2009 condenado a oito anos de prisão. Depois, "subiu na hierarquia do tráfico da Rocinha, até ser alçado a gerente do Vidigal", conta 'O Globo'.

Agora, está indiciado por crime de formação de quadrilha. Ivan terá feito parte de um grupo que organizou o assalto a uma joalheria em Barra Mansa, no final do ano de 2013. A investigação concluiu que Ivan era o responsável pelo fornecimento de explosivos ao grupo.

Fernando Meirelles, o realizador do filme nomeado para quatro Óscares em 2002, diz ter ficado "muito chateado" depois de ter lido notícias sobre o alegado envolvimento de Ivan no tráfico de droga no Morro do Vidigal, na zona sul do Rio de Janeiro, e que era, até este recrudescer de violência, um dos lugares cariocas preferidos pelos turistas, muito por causa da sua vida vibrante, com uma oferta cultural, com festas, com pequenas casas e vistas panorâmicas do oceano, como descreve "El País", jornal espanhol que chama "escandaloso" o número de polícias mortos no Rio.

"No filme fazia parte do bando do Zé Pequeno. Durante o processo deu tudo certo, ele ia aos ensaios, nunca criou problemas e sabia interpretar. Assim que acabou o filme soubemos que ele havia sido preso por roubo de carro, mas achei que tivesse sido um vacilo. Torcia para que todos achassem um caminho na vida. Depois perdi o contacto", contou Fernando Meirelles ao Globo, por e-mail.

Ivan é agora um dos três suspeitos de matar o sargento Hudson de Araújo. Foi o 91.º polícia militar a ser assassinado no Rio de Janeiro em 2017. E é também líder de um dos mais temidos grupos cariocas. "Amigos dos Amigos", assim se chama o bando de Ivan, com o qual traficava droga. Para além disso, cobrava uma taxa aos condutores de carrinhas que circulavam pela favela, segundo explica o jornal espanhol.