O Dia Mundial do Teatro criado pelo Instituto Internacional do Teatro, no âmbito da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), visa a promoção direta das artes de palco, e decorre este ano sob o signo da resistência à pandemia, sublinhando “a sagacidade e coragem” dos profissionais.

A companhia teatromosca, para assinalar a data, escolhe “Hamlet cancelado”, de Flavio Tonnetti e Vinicius Piedade. E transmite a partir do Brasil, no sábado. Um figurante daquela que seria a maior produção da tragédia de SHakespeare já alguma vez feita, não conformado com o cancelamento, avança sozinho, usando fragmentos dos textos originais, pedaços dos cenários e retalhos dos figurinos. A peça poderá ser vista no Youtube (21:00), a partir da casa do ator e encenador brasileiro Vinicius Piedade, em S. Paulo.

Na sala virtual do Teatro Nacional D. Maria II há dez horas consecutivas de transmissão de “‘Os Lusíadas’ como nunca os ouviu”, por António Fonseca, o ator que ousou dizer o poema épico. A partir das 10:00 da manhã, Fonseca vai “dizer e comentar” “Os Lusíadas”. O dia termina com “By heart”, de Tiago Rodrigues.

O diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, Tiago Rodrigues, define o Dia Mundial do Teatro, este ano, como “uma espécie do daqui a pouco já nos vamos encontrar”, na expectativa de reabertura de portas a 19 de abril, segundo o ‘plano de desconfinamento’, definido pelo Governo.

Nos Artistas Unidos, companhia dirigida por Jorge Silva Melo, o tempo é de ensaios para a peça “Birdland”, de Simon Stephens.

Interpretada por Joao Pedro Mamede e Rita Rocha da Silva, a peça estreia-se a 19 de abril, uma data que Jorge Silva Melo define como o Dia Nacional dos Teatros de Porta Aberta.

O Bando marca a efeméride com a divulgação de um vídeo com excertos de espetáculos que tem feito desde que tem sede em Palmela, assim como irá divulgar a estreia das duas peças que se encontram em ensaios: “Porta”, de Gonçalo M. Tavares, e “Futebol”, uma criação conjunta com o Teatro Regional da Serra de Montemuro.

No S. Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, a efeméride será assinalada, no sábado e no domingo, com a transmissão ‘online’ com uma nova edição de “Estar em casa”, com curadoria de Anabela Mota Ribeiro e André E. Teodósio.

A partir das palavras “invadir”, “sarar” e “unir”, o programa conta com espetáculos, conversas, ‘performances’, visitas guiadas, aulas em casa, cinema, consultórios astrológicos e muito mais, disse fonte do teatro à agência Lusa.

“O Cerejal”, de Anton Tchekhov com encenação de Sandra Faleiro, e “Os Filhos do Mal”, de Hotel Europa, frente-a-frente com o impacto da ditadura, através de gerações, uma oficina de “Os Sapatos do sr. Luiz”, “Vamos Comprar um Poeta”, do Plano Comensal de Leitura, e “Se eu fosse Nina”, de Rita Calçada Bastos, são os espetáculos a transmitir pelo S. Luiz, para marcar o dia.

No Teatro Ibérico, a efeméride não é assinalada e a reabertura ocorre apenas o início de maio, uma vez que o teatro esteve em obras.

A companhia Cão Solteiro lembra o Dia Mundial do Teatro com a transmissão ‘online’ de “Azul Vermelho, Azul Manteiga”, a primeira peça infantil criada pela companhia para o Teatro Luís de Camões LU.CA, numa produção com A Oficina.

O espetáculo “Fake”, de Inês Barahona e Miguel Fragata, será transmitido a partir do canal do Fórum Municipal Luísa Todi. A peça “Humidade” será transmitida pela Companhia de Teatro de Braga e o Teatro Art’Imagem, também ‘online’, mostra “Primavera do teatro”, enquanto o Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana transmitirá a leitura da mensagem internacional do Dia Mundial do Teatro, que traduziu – este ano assinada pela atriz Helen Mirren – e o espetáculo “Palhaço verde”, uma encenação de Graeme Pulleyn do texto de Matilde Rosa Araújo.

A Companhia Mascarenhas-Martins também oferecerá uma leitura encenada da mensagem do Instituto Internacional de Teatro, no Facebook do Cinema-Teatro Joaquim D’Almeida, assim como o ator, encenador e dramaturgo Ricardo Neves-Neves, no Facebook do Cineteatro Louletano.

O Teatro Municipal do Porto – Teatro Campo Alegre opta pelo espetáculo “Paisagem”, a mais recente criação de Paula Diogo e Tónan Quito, com o coletivo brasileiro Foguetes Maravilha, e “Passos em volta”, um espetáculo da Companhia João Garcia Miguel, criado a partir de textos de Herberto Helder.

No sábado, o Teatro de Campo Alegre promove ainda um encontro com João Garcia Miguel, Tónan Quito, Stella Rabelo e Eduardo Neves, que será transmitido na página do teatro no Facebook.

Iniciativa diferente tem o Teatro Experimental de Cascais que, no sábado, marca a atribuição do nome de Carmen Dolores a uma rua da localidade, numa homenagem à atriz que morreu a 16 de fevereiro último, aos 96 anos.

O Teatro Viriato, em Viseu, estreia “Senso”, uma criação do ator e encenador Jorge Fraga, a partir das peças didáticas de Bertolt Brecht, em ‘live streaming’, no Dia Internacional do Teatro, a partir das 21:30.

“Palavras em Palco — Um Caminho para Caryl Churchill”, pelo Teatro Aberto fica ‘online’ até dia 4 de abril, no ‘site’ da companhia.

O Assédio Teatro estreia ‘online’ “Língua de Cão e Litania”, de Francisco Luís Parreira, com encenação de João Cardoso, que fica disponível até 11 de abril.

A associação Materiais Diversos oferece “Futuricidade”, pela coreógrafa Marta Tomé, em colaboração com o investigador Rui Matoso, com transmissão em direto no Facebook, a partir das 18:00.

Criado pelo Instituto Internacional do Teatro, no âmbito da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), para a promoção direta das artes de palco, o Dia Mundial do Teatro celebra-se a 27 de março e foi assinalado pela primeira vez em 1962, com uma mensagem do dramaturgo francês Jean Cocteau.

Este ano, a mensagem é assinada pela atriz britânica Helen Mirren, que elogia a “resiliência dos profissionais das artes e a capacidade de sobreviverem à pandemia com sagacidade e coragem”.

Companhias de teatro do Porto preparam regresso aos palcos entre felicidade e mudança

As companhias de teatro do Porto ouvidas pela Lusa preparam a reabertura de teatros, prevista para 19 de abril, entre o regozijo e uma reflexão sobre a adaptação e mudança que o último ano trouxe.

As salas de espetáculos deverão poder reabrir a partir de 19 de abril, segundo o ‘plano de desconfinamento’, sujeito a reavaliações quinzenais, tendo de encerrar às 22:00 durante a semana e às 13:00, aos fins de semana, além de voltar a ser possível realizar eventos no exterior.

“Acaba por ser um motivo de grande alegria, porque estamos em grande constrangimento há muito tempo”, diz à Lusa Isabel Barros, diretora do Teatro e do Museu de Marionetas do Porto.

O museu abrirá de ‘cara lavada’, com exposição renovada e várias atividades, e a companhia segue ativa, a trabalhar para apresentar, no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), a coprodução com o Teatro do Ferro “Maiakovski – O Regresso do Futuro”.

“Talvez mais do que nunca, é importante este sentido de trabalhar nessa cumplicidade uns com os outros, de unir forças, até de estimular. Não é por acaso”, comenta.

O FITEI, de resto, assume um papel de destaque no regresso aos palcos no Porto, e está marcado, depois de não ter decorrido em 2020, para 28 de abril e 16 de maio, com várias companhias da cidade a apresentarem novas criações na programação, que será conhecida em breve.

O diretor, Gonçalo Amorim, explica à Lusa que a programação estará dividida numa “edição mista”, com espetáculos nacionais em formato presencial e os internacionais via uma nova plataforma ‘online’, sem a presença de programadores internacionais na cidade e uma mentalização de que “o FITEI é para acontecer”, seja como for.

O Teatro Experimental do Porto (TEP), por seu lado, apresentará no festival “O Dia da Matança na História de Hamlet”, de Bernard-Marie Koltès, por via telemática, e tem sido afetado sobretudo na coprodução com a companhia chilena Teatro La Maria.

“Estreito/Estrecho”, a partir da viagem de Fernão de Magalhães, é uma peça em coprodução, que já deu origem a um filme, que será exibido no canal 180 a partir de sábado, para assinalar o Dia Mundial do Teatro, e tem estreia marcada para novembro em palco.

“Temos uma residência artística no Chile, financiada, e muito provavelmente teremos de devolver esse dinheiro. Não vejo a possibilidade de nos deslocarmos ao Chile dentro do prazo. Claro que cria ansiedade, e atrapalha a preparação do espetáculo, é um fator de instabilidade e adaptação. Tudo o que temos feito no último ano tem-nos obrigado a pensar rápido, a ser ágeis, não perdendo a esperança e a capacidade de trabalho”, resume Gonçalo Amorim.

Carlos Costa, das Visões Úteis, explica à Lusa que, nesta companhia, o importante é “voltar, mas não da mesma maneira, voltar com outro tipo de preocupações”.

“Percebemos que não podíamos continuar a acumular estes recursos de produção que temos num contexto de incapacidade de produzir. (...) Temos pessoas ao serviço, veículos, etc.. O que fizemos foi colocar os recursos ao serviço da Junta de Campanhã, e temos distribuído refeições, cabazes alimentares, dado apoio, e queremos manter esse trabalho após ‘desconfinarmos’”, revela.

Aliado a este esforço de responsabilidade social está a adoção de medidas de transição ambiental, nomeadamente a vontade de ir além da compensação das emissões de carbono, que já faziam, mas mesmo “deixar de produzir”.

Além de uma nova criação ainda neste semestre, a companhia vai lançar um livro que reúne duas peças, e estreia em ‘streaming’, no Dia Mundial do Teatro, o espetáculo “trans/missão”, com o regresso às salas em Sever do Vouga, em 14 de maio, com “Little B”.

O Teatro do Frio, que também terá uma residência de escrita no FITEI, encara este regresso “com bastante felicidade”, diz à Lusa Catarina Lacerda, porque é um regresso ao que encaram como “um bem e um serviço essencial”.

“As pessoas estão ávidas de fruir, de imaginário, que lhes proponham imaginários que saiam da rotina que ficou ainda mais encapsulada dentro de uma casa”, resume.

Para 2022 estarão dentro de salas de espetáculo mais convencionais, mas antes há trabalhos em espaços expositivos e com o centro educativo do Teatro Nacional São João, uma reabertura que destaca, pela “revitalização” de uma rede “que só é saudável se toda ela pulsar”.

Catarina Lacerda lembra ainda as dificuldades de um circuito independente “que está já à partida extremamente limitado”, pedindo que seja reconhecida a “especificidade” e fragilidade de pequenos teatros e estruturas, com uma atenção “acompanhada”.

“Acima de tudo porque falamos de serviço público. Os apoios são um reforçar do que é um serviço público, reconhecendo isso na ação destes artistas”, atira.

Na Palmilha Dentada, o “contacto direto com o público” norteia a confiança em que será possível voltar aos palcos e ao “cara a cara” com espectadores, “sem muito drama” em torno da situação, depois de um tempo em que se mantiveram em funcionamento com espetáculos sem a vertente física, conta à Lusa Ricardo Alves.

Até 4 de abril, têm ‘em cena’ um espetáculo via Zoom “Bazuca News” e, no futuro, está a estreia de um novo espetáculo, para 6 de julho, para o espaço exterior e com digressão pelo Norte.

Ricardo Alves mantém ainda a esperança no novo estatuto do artista e no aumento dos apoios da Direção-Geral das Artes, bem como apoios a trabalhadores independentes, para apoiar as pequenas companhias que “fazem a base da pirâmide”, como a criação de público e digressões por escolas, por exemplo, e que “ficaram piores”.

“O problema central é que tudo aquilo que é emergência é o que devia ser normal. Devia haver dinheiro para a cultura acontecer e não ser um constante ato de resistência”, remata.

Pedro Jordão, da direção de produção da Mala Voadora, afirma à Lusa que a retoma se fará com “InFausto”, também no âmbito do FITEI, seguindo depois para Esch, no Luxemburgo, onde estrearão em 2022 uma coprodução com a Capital Europeia da Cultura, nessa cidade, e outros parceiros.

A maior dificuldade, realça, é com a internacionalização, em que a companhia aposta cada vez mais, tendo várias coproduções e presenças em festivais ou programações na Europa e na China que podem estar em causa.

Companhias de teatro da região Centro preparam novas produções apesar das “incertezas”

Companhias de teatro da região Centro preparam-se para estrear em abril e maio novos espetáculos que foram adiados devido à pandemia, mas criticam alguma dose de incerteza, por as condições em que poderão trabalhar ainda não serem claras.

O Teatrão, em Coimbra, tinha anunciado a estreia do seu novo espetáculo para a infância, "Ilse, A Menina Andarilha", para 11 de março, mas teve de voltar atrás, face ao confinamento decretado pelo Governo.

Assim que se soube que a partir de 19 de abril os teatros, salas de espetáculos e cinemas poderiam voltar a abrir, a companhia anunciou a estreia para 22 desse mês, ainda que sem saber como poderá reabrir.

"Vamos reabrir, mas ainda não sabemos quais as regras. Ainda ninguém sabe em que condições pode reabrir no dia 19 e está a ficar muito complicado e a DGS [Direção-Geral de Saúde] e o Governo não fazem esses esclarecimentos", disse à agência Lusa a diretora da companhia, Isabel Craveiro.

Para a responsável, essa indefinição "inibe qualquer preparação responsável de como deve ser feita a abertura".

Além da estreia, a companhia está a preparar o desenvolvimento de projetos de longo prazo, mas também a programação da própria Oficina Municipal do Teatro (OMT), a casa do Teatrão.

"Estamos a pensar fazer ciclos de cinema no jardim, talvez", acrescenta, salientando que a própria pandemia levou a uma "consciência maior do usufruto dos espaços verdes, dos espaços ao ar livre".

Quer no Teatrão, quer na Escola da Noite, outra companhia de Coimbra, fala-se também dos problemas de gerir a programação dos respetivos espaços, face ao adiamento de vários eventos motivado pelos dois confinamentos.

"É difícil trabalhar a programação e mais difícil num espaço como o Teatro da Cerca, em que se tem que conciliar as criações da companhia residente com a programação externa. Neste momento, torna-se mais complicado porque o calendário encolhe, mas o número de solicitações aumenta para menor tempo", explica o membro da direção da Escola da Noite, Pedro Rodrigues.

No caso desta companhia, está-se a preparar a estreia de um novo espetáculo, intitulado "Cidade, Diálogos", com textos de Gonçalo M. Tavares, que deverá ser apresentado na primeira quinzena de maio.

Já a Leirena, companhia de Leiria, está a concluir o programa deste ano, nomeadamente dois festivais que realiza no verão, um em Leiria, outro em Porto de Mós, conta o responsável da estrutura, Frédéric da Cruz Pires.

Para além disso, a Leirena está a preparar um espetáculo em torno de José Saramago para estrear em 2022, referindo que por agora vão também fazer apresentações de espetáculos que têm em carteira.

"Se não houver um terceiro confinamento, vamos estar com um ano bem cheio", frisa.

No Teatro das Beiras, na Covilhã, a companhia vai estrear logo a 19 de abril o seu novo espetáculo, "Já passaram quantos anos desde a última vez que falámos, perguntou ele", cuja apresentação também foi adiada pela pandemia.

"Era bom já ter as normas. Ainda nem definimos o horário em que vamos fazer o espetáculo. Aguardamos", sublinha o diretor do Teatro das Beiras, Fernando Sena.

Também na Associação Cultural e Recreativa de Tondela (ACERT) não se compreende o facto de as regras ainda não serem conhecidas, refere o diretor artístico da estrutura, José Rui Martins.

Naquela cidade do distrito de Viseu, ainda antes da reabertura do seu espaço, a companhia vai avançar com eventos digitais, nomeadamente no sábado, assinalando o Dia Mundial do Teatro, com um desafio nas redes sociais para o público acompanhar uma espécie de "visita relâmpago" por espetáculos da estrutura.

Já a 3 de abril, não podendo fazer a tradicional Queima do Judas tal como em 2020, a ACERT - Associação Cultural e Recreativa de Tondela vai recorrer a meios digitais para transmitir a "Queima e Rebentamento do Não Judas", em que as pessoas são convidadas a enviarem "os seus males" para no fim serem queimados.

A reabertura do espaço essa será a 25 de Abril, "por razões óbvias", salienta.

Apesar das incertezas sobre o futuro, que já obrigaram a companhia a adiar a produção de um espetáculo de teatro de rua para 2022, José Rui Martins diz que a programação está a ser desenhada, ainda que sempre "com planos B".

"É um ano muito especial. Estamos a celebrar 45 anos, com 45 rotações, não desanimando e fazendo um exercício que é obrigatório para o país inteiro que é de reformular, de repensar todas as coisas, todos os planos, mas não os diminuir e a cultura tem uma necessidade incrível de estar junto das pessoas. Estamos loucos por pisar os palcos", frisou.

Teatros do Alentejo não retomam apresentações antes dos meses mais quentes

 Pelo menos duas das principais companhias de teatro alentejanas não retomam representações na data prevista pelo plano de desconfinamento, em 19 de abril, disseram hoje os respetivos diretores, apontando o regresso para os meses mais quentes.

Na véspera do Dia Mundial do Teatro, que se celebra no sábado, os responsáveis do Centro Dramático de Évora (Cendrev) e da Baal 17 admitiram à agência Lusa que não têm “nada preparado” para assinalar a data, e acrescentaram que nem sequer retomarão os espetáculos antes de junho e julho, respetivamente.

No Cendrev, o regresso deverá coincidir com a Bienal de Marionetas de Évora, entre 1 e 6 de junho, apontou José Russo, enquanto em Serpa a Baal 17 só deverá colocar o festival Noites na Nora “nas ruas da cidade” durante o mês seguinte, adiantou Rui Ramos.

Isto apesar de o plano de desconfinamento apresentado este mês pelo Governo permitir a reabertura de "cinemas, teatros, auditórios, salas de espetáculos" em 19 de abril.

A Bienal de Marionetas de Évora deverá ainda coincidir com a reabertura do Teatro Garcia de Resende, edifício do século XIX, no centro histórico da cidade, que tem estado a sofrer obras de recuperação nos últimos meses.

No entanto, devido às restrições de viagens, o cartaz do festival de marionetas será, este ano, composto apenas companhias nacionais, abrindo a temporada que prevê incluir uma coprodução com A Escola da Noite, de Coimbra, da peça "A Floresta dos Enganos", de Gil Vicente.

A estreia da última obra do dramaturgo português dos séculos XV e XVI está prevista para dezembro.

Mas antes, em julho, as duas companhias deverão fazer uma apresentação da "Embarcação do Inferno", uma adaptação do "Auto da Barca do Inferno", num festival em Espanha, e farão a reposição da peça no Teatro Garcia de Resende, em outubro e novembro, em Évora.

O centro eborense foi “uma das companhias que não teve financiamento” da DGArtes no último ano, embora estivesse entre as estruturas elegíveis para apoio, porque “o dinheiro para esse concurso não chegou” para financiar todos os projetos e, por esse motivo, os trabalhadores estão “no desemprego”, justificou José Russo, em declarações à agência Lusa.

“[O Cendrev] foi uma das várias companhias que, tendo visto os seus projetos aprovados e com boas classificações, não tiveram financiamento porque este foi insuficiente”, explicou.

Dos “milhões prometidos recentemente para a cultura”, ainda “não chegou nada”, lamentou o diretor, e os trabalhadores do setor, onde “a maioria dos trabalhadores são precários”, estão a viver “situações muito complicadas”.

“No caso do Cendrev, sempre foi uma companhia que prezou muito a relação com os trabalhadores e por isso tinha-os nos quadros. Nesta circunstância, está a permitir que possam aceder ao subsídio de desemprego, o que não acontece com a maioria dos trabalhadores da cultura”, revelou José Russo.

O responsável da companhia eborense diz mesmo ter conhecimento de “gente que prepara cabazes” de alimentos e os entrega aos colegas do setor para que estes possam “dar de comer aos filhos”, além da quantidade de trabalhadores que “foram procurar, noutros setores de atividade, a sua migalha de pão”.

“Os atores também são gente, também têm de pagar as despesas, a água, a luz, levar os filhos à escola e comer”, desabafou.

Também a Baal 17, de Serpa, no distrito de Beja, só tem previsto retomar as apresentações no verão, nomeadamente em julho, apesar de ter “a vida facilitada por contar com os apoios” da DGArtes.

Ao contrário do Cendrev, a companhia do Baixo Alentejo retomou recentemente os ensaios, após dois meses de confinamento absoluto devido às medidas de combate à pandemia de covid-19.

Ainda assim, o diretor Rui Ramos revelou à agência Lusa que, neste momento, “não há nenhum espetáculo programado” antes de julho, momento em que pretende levar para as ruas da cidade o festival Noites na Nora.

“No ano passado, acabámos por abrir o festival à cidade, por causa das regras de confinamento. À partida, este ano acontece novamente ao ar livre, e terá a duração de três semanas”, adiantou o diretor da Baal 17.

Além disso, a Baal 17 desenvolve “um programa relacionado com a educação” com várias escolas secundárias, ao abrigo de uma candidatura que ganhou no ano passado e que prevê “130 sessões por videoconferência” com alunos de escolas secundárias de todo o país.

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