O Citroën 2CV é um dos mais emblemáticos modelos da fabricante parisiense. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a marca teve de adiar o início da produção durante oito anos. Os primeiros parafusos do “dois cavalos” deveriam ter sido apertados algures em 1940, mas com a Alemanha a invadir a Polónia, em 1939, espoletando o conflito, só em 1948 começou a produção. Produção que terminaria já na reta final do século, a 27 de julho de 1990.

Três anos antes, em 1987, a Ericeira acolhia 987 exemplares do 2CV. A maioria vinha da Alemanha, que ensaiava o preâmbulo da reunificação, que viria a acontecer poucos anos depois, com a queda do muro de Berlim (1989). Era a sétima edição destes encontros de aficionados pelo pequeno automóvel francês.

Vinte seis anos depois, Portugal candidata-se a receber mais um encontro de “dois cavalos” pela altura em que se celebram 30 anos desde a última vez que o Encontro Mundial dos Amigos 2CV esteve por terras lusas. E assim, entre 26 e 31 de julho, mais de um milhar de Citroën 2CV, vão encher as estreitas ruas da Ericeira, para o 22.º encontro mundial dos colecionadores destes carros míticos da marca francesa.

Novamente a Ericeira, novamente Mafra porque foi esta “a câmara que melhores condições de logística e de alojamento ofereceu” para a organização da prova, explica Rogério Soares, o homem ao volante dos “dois cavalos” em Portugal.

E há-os para todos os gostos. Do mais antigo ao mais recente, É a segunda vez que se realiza em Portugal e, novamente, na vila piscatória do concelho de Mafra. Até agora, há 1.350 veículos inscritos e 1.800 participantes, oriundos de Israel, França, Estados Unidos, Noruega, Nova Zelândia e tantos outros, num total de 26 nacionalidades diferentes representadas à beira do Atlântico.

O evento está a ser organizado pela Associação 2CVPortugal2017, criada no seio dos seis clubes existentes em Portugal. Rogério Soares, o presidente, explica que “o país que está mais representado em número de carros, com mais de quinhentos, seguindo-se Portugal”.

Durante seis dias, o evento conta com um programa que vai desde as provas de demonstração, corridas em pista, concursos de montagem e desmontagem e feira de trocas, à animação com djs e grupos de música e danças tradicionais portuguesas, em diversos locais da Ericeira.

Para além disso, no centro de Mafra, no claustro sul do Palácio Nacional, que este ano celebra 300 anos desde que a visão de Dom João V começou a ganhar vida, há de estar uma exposição dos veículos mais emblemáticos, miniaturas e memórias dos 0 anos de encontros e de história do mítico automóvel.

Dois desses exemplares míticos, são precisamente dois Citroën portugueses que vão também marcar presença nas ruas da Ericeira. São eles o mais antigo, de 1952, e o último a sair da fábrica, em Mangualde, em 1990, respetivamente o mais antigo e o mais recente exemplares deste modelo em todo o mundo.