O quadro integra a exposição "Zapata después de Zapata", patente no Museu do Palácio de Belas Artes, no México, que pretende apresentar visões alternativas da revolução mexicana.

Contudo, nem todos consideraram oportuna a representação. Ontem, terça-feira, manifestantes invadiram o museu e exigiram a remoção da pintura da exposição, conta o The Guardian.

“Isto não é liberdade de expressão, é devassidão! É degradante. Não podem exibir a nossa história desta maneira”, disse Antonio Medrano, porta-voz dos manifestantes. "Não podemos permitir este tipo de gozo".

Segundo a BBC, entre os manifestantes estavam muitos agricultores arrendatários, que se manifestaram do lado de fora do museu durante horas, com alguns gritos homofóbicos. O sucedido provocou conflitos com pessoas que defendem a diversidade sexual.

A pintura de Fabián Cháirez mostra Zapata nu, numa pose sensual, montado num cavalo branco excitado. O corpo do líder mexicano é representado amarrado por uma fita com as cores do México (vermelho, branco e verde).

A exposição deste quadro tem vindo a provocar fortes reações no México, onde Zapata mantém uma reputação heróica inequívoca desde a revolução de 1910. 

Os herdeiros de Zapata já se manifestaram sobre o sucedido. "Não vamos permitir isto", referiu o neto Jorge Zapata Gonzalez. "Para nós, como parentes, isto mancha a figura do nosso general, descrevendo-o como gay". Contudo, nem todos os familiares estão contra a representação.

Esta não é a primeira vez que acontece algo do género. Nos últimos anos, a imagem do mexicano foi apropriada por uma série de causas sociais que nem sempre estão relacionadas com sua luta original para garantir um acordo melhor para os camponeses sem terra.

"A cada 20 anos, mais ou menos, aparece alguma coisa" envolvendo a imagem de Zapata, frisou Luis Vargas Santiago, curador da atual exposição no Palácio de Belas Artes.

Mais recentemente, Zapata têm sido associado a questões de género e sexualidade. A exposição acontece no momento em que as comunidades LBGTQ do México se tornaram mais proeminentes e as mulheres se manifestam mais abertamente contra o machismo, o assédio sexual e os feminicídios no país.

Emiliano Zapata foi um líder na revolução mexicana antes de ser assassinado em 1919, aos 39 anos. Nos dias de hoje, continua a ser um herói aos olhos de muitos mexicanos. A exposição patente no museu é uma das formas de assinalar o 100.º aniversário da morte de Zapata e está patente até fevereiro de 2020.