A exposição vai estar patente entre quinta-feira e 23 de setembro, tendo previsto para o momento da inauguração a assinatura formal da doação do espólio de Ruy Belo, “com que os filhos do escritor pretendem perpetuar a memória do pai entregando à sociedade, através da BNP, os materiais que estão na génese da sua obra”.
“A exposição constitui, assim, uma oportunidade para o público descobrir a ‘mesa de trabalho’ do poeta numa seleção documental do espólio que passará a fazer parte do Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da BNP”, pode ler-se num comunicado disponível na página da BNP.
Nascido em 1933 em Rio Maior, no distrito de Santarém, Ruy Belo lançou o primeiro livro de poemas, “Aquele Grande Rio Eufrates”, em 1961, a que se seguiram oito outras obras, sendo a última das quais “Despeço-me da Terra da Alegria”, de 1977, um ano antes da sua morte, de edema pulmonar.
Formou-se em Direito, nas universidades de Coimbra e Lisboa, e em Direito Canónico, em Roma, onde concluiu o grau de doutor com a dissertação “Ficção Literária e Censura Eclesiástica”.
De volta a Lisboa, estagiou como subdelegado do Procurador da República e matriculou-se na licenciatura de Filologia Românica da Faculdade de Letras, onde “terá como condiscípula a futura mulher, Maria Teresa Carriço Marques”, de acordo com a cronologia de vida publicada pela Assírio & Alvim na compilação de “Todos os Poemas”.
Participante na greve académica de 1962, torna-se subdelegado do Procurador da República em Lisboa, em 1963. Seis anos depois é candidato a deputado nas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, com Mário Soares à cabeça, tendo estado na fundação da SEDES, em 1970.
“Ao longo da sua vida, Ruy Belo persegue uma ideia de liberdade e um desejo de comunicação verbal de que a sua poesia é hoje, 45 anos após a sua morte, uma imagem viva. O seu acervo, as notas, apontamentos de versos deixados nos mais variados suportes, revelam essa inesgotável busca”, lembrou a BNP.
O mesmo texto da BNP refere que, “numa constante procura da natureza da palavra poética, Ruy Belo parece querer habitar um tempo que congrega todas as idades, um lugar que representa todos os lugares”.
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