Carlos Moedas falava aos jornalistas nos Paços do Concelho, onde fez um balanço dos projetos e das atividades culturais da cidade de Lisboa, dois meses depois de ter assumido a pasta da Cultura na autarquia.
“A reabertura do Teatro Variedades vai juntar companhias independentes que não têm ‘casa’ e não têm nada a ver umas com as outras. Vamos lá ter os Artistas Unidos, a Marina Mota, o teatro de revista”, disse Carlos Moedas, escusando-se, para já, a mais detalhes sobre a programação do espaço.
Contactada pelo SAPO24 a Câmara Municipal de Lisboa (CML) avançou que o espaço irá inaugurar no início do próximo mês de outubro.
O Variedades foi cedido à empresa municipal Lisboa Cultura anteriormente designada EGEAC – Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural, de forma à “criação de um equipamento cultural de acolhimento de espetáculos inclusivos, diversos e acessíveis, promovendo a criação e fruição de cultura, ao serviço dos vários públicos da cidade, a formalizar pela Direção Municipal de Gestão Patrimonial, no termos do Regulamento do Património Imobiliário do Município de Lisboa (RPIML)”.
De acordo com Carlos Moedas, a programação do Teatro Variedades vai ser feita em articulação com os espaços culturais da zona, nomeadamente o Capitólio e o Cinema São Jorge, “fomentando um núcleo muito ativo para o universo do teatro, cinema, música e espetáculos”.
Em relação à nova casa para a companhia Artistas Unidos, que tem de abandonar este mês o Teatro da Politécnica, onde estavam instalados desde 2011 por não renovação do contrato com a Universidade de Lisboa, Carlos Moedas adiantou não haver ainda “solução definitiva”, sublinhando que está a “trabalhar muito no sentido de encontrar uma solução definitiva”.
“Temos andado a ver mil espaços”, disse Carlos Moedas, lembrando ainda que o ideal era voltar ao espaço inicial da companhia no Bairro Alto, o antigo edifício d'A Capital, que necessita de obras, e que esteve também a tentar negociar com o reitor da universidade para prolongar um pouco mais a utilização do espaço.
Carlos Moedas lembrou igualmente o festival de cinema Tribeca, de Nova Iorque, de que Robert De Niro foi um dos fundadores, que vai ter a edição em Portugal em outubro, como foi anunciado no passado mês de abril, e que irá realizar-se no recém-inaugurado espaço cultural no Hub Criativo do Beato, na antiga central elétrica da Manutenção Militar.
O autarca confirmou ainda a realização de obras de ampliação e renovação do Museu do Fado para a ala poente do edifício, aumentando o espaço de exposição em cerca de 60 por cento, além da reconversão/requalificação do Teatro Aberto, na Praça de Espanha, que tem o Novo Grupo de Teatro – Teatro Aberto, como companhia residente.
“O Teatro Aberto tem mesmo necessidade de fazer uma remodelação, com uma entrada diferente da existente, uma obra para ser um teatro ‘verde’ ligado à sustentabilidade”, disse, esperando ter um projeto [a cargo da empresa municipal SRUH – Sociedade de Reabilitação Urbana de Lisboa] antes de 2025.
Carlos Moedas reconheceu também que “a parte interior do teatro está muito bem cuidada”, mas o exterior do edifício, já com 24 anos, não reflete esse cuidado e necessita de melhoramentos.
O Teatro Aberto foi inaugurado em dezembro de 2001, acolhendo o Novo Grupo nascido do antigo Grupo 4 e de profissionais ligados às primeiras companhias de teatro independente em Portugal.
Até essa data, o Novo Grupo trabalhou num edifício improvisado, construído a partir de módulos pré-fabricados no lado oposto da Praça de Espanha, na esquina com a Avenida de Berna, onde se manteve durante 25 anos e estreou textos de autores como Anton Tchekov, August Strindberg, Bertolt Brecht, Luigi Pirandello e Samuel Beckett.
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