A primeira edição do evento com a portuguesa Joana Vicente como diretora executiva vai exibir o já premiado “Vitalina Varela”, de Pedro Costa, “A Herdade”, de Tiago Guedes, “Sol Negro”, de Maureen Fazendeiro, e a curta-metragem “A mordida”, de Pedro Neves Marques.
Adicionalmente, o festival conta ainda com as coproduções portuguesas “Frankie”, de Ira Sachs, “Liberté”, de Albert Serra, e “Made in Bangladesh”, de Rubaiyat Hossain. Também na programação do festival encontra-se “Color out of space”, de Richard Stanley, com Nicolas Cage, filmado em Portugal.
“A Herdade”, de Tiago Guedes, está em competição no Festival de Cinema de Veneza, tornando-se o primeiro filme português a integrar aquele leque em vários anos. O filme tem coprodução da Leopardo Filmes e da Alfama Films, e conta a “saga de uma família proprietária de um dos maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, […] fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a revolução do 25 de Abril, até aos dias de hoje”.
Com argumento de Rui Cardoso Martins e Tiago Guedes, com a colaboração de Gilles Taurand, o elenco é composto por Albano Jerónimo, Sandra Faleiro, Miguel Borges, João Vicente, Ana Bustorff, Beatriz Brás, entre outros.
Já o mais recente filme de Pedro Costa venceu recentemente o prémio máximo do Festival de Cinema de Locarno, onde a protagonista que dá título à obra foi também galardoada como melhor atriz.
Quanto a “Sol Negro”, filme produzido por O Som e a Fúria (Portugal) e Norte Productions (França), põe em confronto um dia de eclipse solar em Lisboa, e excertos de um poema de Henri Michaux, lidos pela atriz francesa Delphine Seyrig.
Trata-se do primeiro filme de Maureen Fazendeiro feito por inteiro em Portugal, e teve estreia mundial na competição do Curtas Vila do Conde, no passado mês de julho.
Na secção Wavelengths, dedicada exclusivamente a filmes de vanguarda, que coloca em evidência a inovação formal e expressões originais cinematográficas, vai ser apresentada a curta-metragem “A mordida” (“The bite”), de Pedro Neves Marques, em estreia mundial.
Esta coprodução com o Brasil parte de uma pesquisa num laboratório de mosquitos geneticamente modificados, em São Paulo, para criar uma ficção algures entre o momento político atual e um futuro imaginado, explica o realizador, citado pela distribuidora Portugal Film.
Numa entrevista à agência Lusa, em julho, a produtora portuguesa Joana Vicente afirmou que aceitou ser diretora executiva do Festival Internacional de Cinema de Toronto por ser uma “oportunidade extraordinária” num tempo de mudança na indústria cinematográfica.
“Aconteceu tudo muito rápido e achei que era uma oportunidade extraordinária de poder trazer um bocadinho todas as experiências e coisas em que tenho trabalhado na minha vida profissional”, explicou à Lusa Joana Vicente, nomeada em 2018 diretora executiva do TIFF, quando apresentou, em Toronto, a programação do festival.
Aos 56 anos, e há várias décadas radicada nos Estados Unidos da América, Joana Vicente é uma reconhecida produtora do cinema independente norte-americano, tendo trabalhado com nomes como Brian de Palma, Alex Gibney, Steven Soderbergh e Jim Jarmusch.
Em Nova Iorque, fundou com Jason Kliot, marido e produtor, a Open City Films e a HDnet Films, e durante uma década foi diretora executiva do Independent Filmmaker Project, a mais antiga organização, sem fins lucrativos, de realizadores independentes.
Ao lado do canadiano Cameron Bailey, como diretor artístico do TIFF, Joana Vicentecomanda o festival fundado em 1976, que se tem assumido como uma das paragens do calendário de antestreias de cinema independente na América do Norte, e uma das etapas para os Óscares.
O festival realiza-se em Toronto até ao próximo dia 15 de setembro.
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