“Tata Madiba [nome pelo qual é carinhosamente tratado na África do Sul Nelson Mandela] é um grande exemplo de como devemos aprender a perdoar e a amar e a espalhar esse amor. Aprendemos tanto com ele”, disse Sibongiseni Shabalala, em entrevista à Lusa, antes do concerto que os Ladysmith Black Mambazo deram no Festival Músicas do Mundo, em Sines, no sábado à noite.

“Foi uma honra conhecer tata [pai] Nelson Mandela”, confessou, recordando que o grupo foi convidado para cantar num aniversário do ex-Presidente, que lhes disse que a música deles tinha sido “uma inspiração enquanto esteve preso”.

Nelson Mandela esteve preso durante quase 30 anos, transformando-se depois no primeiro Presidente da África do Sul a seguir ao ‘apartheid’.

“Tentamos, tanto quanto possível, honrar os seus ensinamentos”, frisou Sibongiseni Shabalala, um dos oito membros do grupo coral masculino que traz para o palco “a verdadeira cultura sul-africana, de amor, paz e harmonia”.

Fundado no início dos anos 1960, por Joseph Shabalala, habitante de Ladysmith, província de KwaZulu-Natal, o grupo vocal transformou-se em embaixador da música da África do Sul.

Nos anos 1980, o músico Paul Simon incluiu-os no álbum "Graceland", projetando-os para o mundo.

Joseph retirou-se em 2014, deixando os quatro filhos na liderança, um dois quais Sibongiseni.

O exemplo que os Ladysmith Black Mambazo tentam passar aos mais novos tem que ver com “viver uma boa vida, afastar-se das drogas, ficar na escola, terminar os estudos, obter educação”, resume Sibongiseni.

O grupo começou recentemente “uma academia móvel que vai às comunidades e às escolas” ensinar música às crianças. “Os mais jovens adoram este tipo de música e até fundam os seus próprios grupos nas escolas, só precisam de alguém que os encoraje”, considera Sibongiseni.

“Tentamos ensinar as crianças não só a cantar, mas também sobre o negócio da música e que os músicos são um exemplo para as pessoas”, conta.

Para Sibongiseni Shabalala, o desafio da África do Sul de hoje é “criar mais emprego, para que as pessoas possam ter mais trabalho e sustentarem-se a si mesmas”.

O Festival Músicas do Mundo terminou na madrugada de hoje, depois de atuações de Virgem Suta (Portugal), Ladysmith Black Mambazo (África do Sul), Batida (Angola/Portugal), Underground System (EUA), Inner Circle (Jamaica), António Marcos (Moçambique), La P’tite Fumée (França) e Zenobia (Palestina).