O ator luso-francês Hugo Fernandes é Patrick, um jovem adulto a viver em Paris e que numa noite é detido numa festa. As autoridades descobrem-lhe a verdadeira identidade e Patrick é afinal Mário, português que tinha sido raptado e separado da família, em Portugal, aos 12 anos.

A partir desta sinopse, é inevitável a semelhança com a verdadeira história do desaparecimento de um rapaz português, Rui Pedro, aos 11 anos, em 1998 em Lousada, e nunca encontrado.

Em entrevista à agência Lusa, Gonçalo Waddington reconhece as semelhanças entre ficção e realidade, mas esta é apenas uma leitura superficial do filme, até porque a ideia da história andava há muito a ser maturada.

"Nunca contaria a história de Rui Pedro, por uma questão de ética e de respeito. Não conseguiria", explicou.

O rapto é apenas o pano de fundo para uma ficção sobre conflito e identidade: quem é Patrick/Mário entre a vida em Paris, o reencontro com a família em Portugal, a profunda ligação ao homem, pedófilo, que o raptou, e a definição de uma individualidade, entre a adolescência e a idade adulta.

Nesta história, Gonçalo Waddington explica que nunca lhe interessou falar do episódio de rapto, "mas das sequelas" na personagem. Daí a questão da identidade subjacente a "Patrick", transversal também nas duas curtas-metragens que o ator realizou anteriormente: "Nenhum nome" (2010) e "Imaculado" (2013).

Além de Hugo Fernandes, o filme conta com interpretações de Teresa Sobral, Alba Baptista, Carla Maciel, Adriano Carvalho, João Pedro Benard, Raphael Tschudi e Miguel Herz-Kestranek.

Com um orçamento de cerca de dois milhões de euros, "Patrick" é uma produção da O Som e a Fúria, com coprodução francesa e alemã.

Aos 41 anos, Gonçalo Waddington já se desdobrou na produção e escrita para teatro, representação em palco, para cinema e televisão, e agora na realização de longo curso. Está a escrever uma peça que estreará em dezembro e integra os filmes "Bruno Aleixo", de João Moreira e Pedro Santo, e "Tristeza e alegria na vida das girafas", de Tiago Guedes, ambos por estrear.

"Sou o ator que começou a fazer coisas. [...] Onde me sinto bem, primeiro que tudo, é na fase da escrita. Apesar de as metodologias [para teatro e cinema] serem ligeiramente serem diferentes, há uma espécie de auto-escafandrismo", como quem procura interiormente um ponto de partida para iniciar novo processo criativo, contou.

O festival de cinema de San Sebastian começou no dia 20 e termina no sábado.

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