O festival, dedicado à curta-metragem, terminou hoje com o anúncio dos filmes vencedores, tendo sido atribuído o prémio de melhor curta de animação a “O homem do lixo”, de Laura Gonçalves, que esteve na corrida para uma nomeação nos Óscares.
“O homem do lixo”, produzido pelo BAP Studio, tem uma inspiração na família da realizadora. É um filme sobre recordações e memórias, a partir da história de vida “do tio Botão”, que trabalhou em França como homem do lixo.
No filme, há uma família que se junta à mesa, num almoço de verão, partilhando memórias sobre esse tio que esteve na guerra colonial e emigrou à procura de melhores condições de vida.
A curta-metragem portuguesa “Um caroço de abacate”, realizada por Ary Zara, venceu hoje o Prémio Internacional de Estudante, juntando-se ao prémio de melhor filme queer que tinha obtido na sexta-feira.
Produzido pela Take it Easy, “Um caroço de abacate” é uma ficção que narra o encontro entre “Larissa, uma mulher trans e Cláudio, um homem cis”, numa noite em Lisboa, como refere a sinopse, sendo as interpretações de Gaya de Medeiros e Ivo Canelas.
Num curto vídeo divulgado pelo festival, Ary Zara explica que o filme é “uma história muito simples, livre de violência e de morte, e a pensar em novas possibilidades para pessoas trans”.
“Escolhi este tema, porque sou uma pessoa trans e estou habituado a ver pessoas como eu no grande ecrã a serem constantemente vítimas de violência, a morrerem e a não poderem expressar felicidade e amor”, disse.
Na competição internacional de Clermont-Ferrand, este ano, estiveram “Um caroço de abacate”, “O homem do lixo”, “Ice Merchants”, de João Gonzalez, “As sacrificadas”, de Aurélie Oliveira Pernet, e “Slow Light”, dos polacos Przemyslaw Adamski e Katarzyna Kijek, coproduzido por Portugal.
À margem da competição, “Ice Merchants”, o filme português de animação que é candidato aos Óscares, foi eleito na quarta-feira a curta-metragem do ano pela Short Film Conference, uma associação que representa agentes e profissionais de cinema de 42 países.
Na competição Lab de Clermont-Ferrand estava o filme “Please make it work”, de Daniel Soares, e no programa “African Perspetive”, o filme “Mistida”, de Falcão Nhaga.
O cartaz oficial do festival foi assinado pela realizadora e ilustradora portuguesa Regina Pessoa.
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