Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Programa de Reprodução dos Leopardos Persas na Europa e curador de mamíferos do Jardim Zoológico de Lisboa adiantou que o leopardo Gaspar, oito anos de idade, nascido em Lisboa, chegou nesta manhã ao Jardim Zoológico de Teerão para acasalar com uma fêmea de seis anos.
“Se tudo correr bem, haverá uma ninhada e a ideia será recebermos alguns animais para depois transferirmos para a Europa”, explicou José Dias Ferreira.
Isto porque o Jardim Zoológico de Lisboa é, desde 2013, o responsável pela coordenação do programa de reprodução do leopardo persa na Europa, a convite da Associação Europeia de Zoos e Aquários, tendo como missão analisar toda a população existente nos jardins zoológicos e fazer recomendações sobre a transferência de animais entre zoos para efeitos de reprodução.
“Coordenar tudo o que sejam movimentações de leopardos da Pérsia entre os zoos que participam no programa, que são cerca de 50 jardins zoológicos”, apontou o responsável.
Segundo José Dias Ferreira, um dos objetivos do programa de reprodução do leopardo da Pérsia é o de melhorar geneticamente a população e uma das formas de o conseguir fazer passa por arranjar animais não representados no programa: “E é aí que entra Teerão”.
“Teerão tem neste momento um macho e uma fêmea (…) que têm genes não representados na Europa”, adiantou.
O leopardo persa português foi recomendado para acasalar com a fêmea iraniana, já que o macho de Teerão está em idade avançada, para que futuras ninhadas sejam depois distribuídas pelos zoos europeus que participam neste programa de reprodução.
José Dias Ferreira contou que “os iranianos estão radiantes com esta transferência”, já que não têm conseguido ter reprodução desta espécie em cativeiro, apesar de o Irão ser atualmente o único país no mundo onde existem leopardos da Pérsia em habitat natural.
Paralelamente ao programa de reprodução, que Portugal coordena, existe desde 2013 um programa de recuperação do leopardo da Pérsia no Cáucaso, que motivou um convite do Ministério do Ambiente da Rússia à União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) para visitar o local e dar opinião sobre a possível transferência de animais a partir do Irão, país onde ainda existem cerca de 500 leopardos persas em habitat natural.
Segundo José Dias Ferreira, a opinião da IUCN foi a de que para reintroduzir o animal na Rússia, onde já estava extinto, a melhor solução seria recorrer à população dos jardins zoológicos.
A IUCN contactou depois a Associação Europeia de Zoos e Aquários para saber se esta estaria disponível para dar alguns animais para este programa de reintrodução, que, por sua vez, contactou o Jardim Zoológico de Lisboa.
O zoo de Lisboa mandou, entretanto, um casal, que foi juntar-se a um outro que já habitava no zoo russo. O casal de leopardos portugueses teve uma ninhada de três crias ao fim de seis meses, tendo depois nascido uma ninhada de duas crias do casal de leopardos russos.
A 15 de julho de 2016 foi feita a primeira reintrodução num parque natural do Cáucaso, no caso dois machos do casal russo e uma fêmea do casal português.
José Dias Ferreira disse ainda que o zoo de Lisboa está agora a colher os frutos da coordenação do programa, que estava estagnado, tendo conseguido formar, nos últimos três anos, 22 casais novos e tendo dado recomendação de reprodução para 30 casais na Europa. Além disso, nasceram 12 ninhadas até agosto de 2017.
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