Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC - CCB). Assim se chamará o antigo museu Coleção Berardo, em Belém, avança o Público.

O Centro Cultural de Belém, em Lisboa, vai inaugurar o novo museu de arte contemporânea, o MAC-CCB, de forma faseada ao longo de 2023, no espaço até aqui ocupado pelo Museu Coleção Berardo, anunciou hoje o ministro da Cultura.

No final de uma reunião com o conselho de administração do CCB, Pedro Adão e Silva explicou que o MAC-CCB irá abrir de forma faseada em longo de 2023, e que caberá à fundação CCB a gestão de todo o processo.

Numa declaração aos jornalistas, o ministro da Cultura explicou ainda que o orçamento da fundação CCB contará este ano com mais 2,1 milhões de euros, que transitam da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo, extinta em dezembro.

Pedro Adão e Silva não descartou, porém, um reforço de orçamento para lá desses 2,1 milhões de euros adicionais, agora que a fundação CCB voltará a ter a gestão do centro de exposições que, ao longo dos últimos 15 anos, acolheu o Museu Coleção Berardo.

No exterior do CCB foram retirados hoje os painéis indicativos do que era o Museu Coleção Berardo e serão colocados os que designam agora a existência do MAC-CCB.

Para os visitantes, praticamente não há, para já, qualquer alteração na entrada no Centro de Exposições do CCB.

A partir de terça-feira, dia 03, será possível visitar a coleção de arte contemporânea constituída pelo empresário madeirense José Berardo.

Pedro Adão e Silva referiu que será "preciso fazer um conjunto e alterações ao longo de 2023, desde pequenas intervenções a obras" para preparar a abertura oficial do MAC-CBB.

A pintura “O Impostor” (1964), da artista Paula Rego (1935-2022), que retrata Salazar de forma satírica, é a primeira obra adquirida pelo Estado para integrar o novo museu.

créditos: JOSÉ SENA GOULÃO/LUSA

No passado dia 29 de dezembro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou o diploma que extingue a Fundação de Arte Moderna e Contemporânea, criada para constituir o Museu Coleção Berardo.

A extinção daquela fundação foi aprovada por decreto-lei, em Conselho de Ministros e é um dos passos do processo de transferência da gestão das obras de arte contemporânea do Museu Coleção Berardo para a Fundação Centro Cultural de Belém (CCB), onde está localizado.

Em maio, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou que o Governo iria denunciar o protocolo assinado entre o Estado e o colecionador de arte José Berardo, que se renovaria automaticamente no final deste ano.

Com a denúncia do protocolo e a extinção da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo (FAMC-CB), em termos práticos a Fundação CCB “volta a gerir e a tomar posse do módulo 3, o centro de exposições”, do edifício, onde está instalado o Museu Coleção Berardo, como explicou Pedro Adão e Silva.

Segundo o ministro da Cultura, os "cerca de trinta trabalhadores" da FAMC - CB passam a ser funcionários da Fundação CCB.

Pedro Adão e Silva explicou ainda que a coleção de arte contemporânea ficará em exposição no mesmo local, deixando apenas o espaço de se chamar Museu Coleção Berardo.

“Temos todas as condições para que dia 03 de janeiro a coleção esteja disponível ao público. O que já não existirá é o Museu Berardo, mas a coleção sim. E ao longo do ano de 2023 teremos condições para abrir um novo museu” de arte contemporânea, referiu o governante.

Pedro Adão e Silva recordou que também a coleção Ellipse, arrestada no âmbito da falência do Banco Privado Português, "será integrada na Coleção de Arte Contemporânea do Estado e estará em depósito no CCB”, e “também estará disponível para o público conhecer”.

O diploma promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa “regula o conjunto de bens que pertencem à FAMC – Coleção Berardo, de acordo com o previsto nos estatutos” e “determina a criação de uma comissão liquidatária, que é quem vai decidir o destino dos bens, proceder ao inventário dos valores, decidir sobre as várias obrigações contratuais que a fundação tem”.

Pedro Adão e Silva salientou que “o Estado continua disponível e interessado em assegurar os seguros, a preservação, a manutenção da Coleção Berardo, enquanto os tribunais não tomam uma decisão em relação ao seu legítimo proprietário, desde que a fruição pública seja garantida”.

As obras da Coleção Berardo estão arrestadas desde julho de 2019, na sequência de um processo interposto em tribunal pelo Novo Banco, a Caixa Geral de Depósitos e o BCP, para recuperarem uma dívida próxima de 1.000 milhões de euros.

Inaugurado em 25 de junho de 2007, o Museu Coleção Berardo foi criado na sequência de um acordo assinado em 2006 para cedência gratuita, ao Estado, por dez anos, de uma coleção com 862 obras de arte do colecionador e empresário José Berardo, avaliadas, na altura, em 316 milhões de euros pela leiloeira internacional Christie's.

Em 2016, concluídos os 10 anos do acordo com o Estado para criar o Museu Coleção Berardo, foi assinada uma adenda entre as partes para prolongamento por mais seis anos, com a possibilidade de ser renovada automaticamente a partir de 2022, se não fosse denunciado por qualquer das partes nos seis meses antes do fim do protocolo.

Globalmente, na sequência do processo contencioso movido pelos bancos, foram arrestadas cerca de 2.200 obras de arte de José Berardo.

A coleção inclui obras de artistas como Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein, Piet Mondrian, Duchamp, Picasso, Chagall e Andy Warhol, além de artistas portugueses como Rui Chafes, José Pedro Croft, Jorge Molder e Fernanda Fragateiro.

*Com Lusa

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