O músico vai recordar este percurso no próximo dia 21 de março no Teatro Tivoli, em Lisboa, no espetáculo “Tantos Fados Deu-me a Vida”. Aqui, Jorge Fernando vai partilhar o palco com “ídolos” do seu tempo, como José Cid, Tozé Brito, Rodrigo, um dos primeiros cantores a gravar canções suas, e Cidália Moreira, que acompanhou aos 17 anos, com Alcino Frazão, disse à agência Lusa.

Jorge Fernando adiantou que vai interpretar “os temas mais escondidos, as parcerias com grandes poetas como Antero de Quental ou Natália Correia, entre outros, mas também os temas que as pessoas estão à espera de ouvir, êxitos que fazem parte da banda sonora das suas próprias vidas”.

Jorge Fernando assinou canções como “Chuva”, “Búzios”, “Boa Noite Solidão”, “Quem vai ao Fado”, “Meu Amigo João”, “Pode Ser Saudade”, “Leva-me aos Fados”.

A “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX” aponta-o como “um dos mais importantes compositores de fado do final do século XX, [que] contribuiu para o desenvolvimento” de várias carreiras artísticas.

À Lusa, o músico afirmou quer faz o que pode e considerou esta afirmação “uma responsabilidade enorme”.

O elogio inibe-o. E, numa comparação a nomes como Fausto, Rui Veloso ou Carlos Tê, afirmou que não sabe se é assim tão bom.

Entre os poetas que escrevem para fado e com os quais trabalhou, realçou Mário Rainho e José Luís Gordo, com “obra importante”, mas chamou à atenção para Tiago Correia e Carolina Deslandes, “entre os mais recentes”.

“Está a surgir uma geração muito inspirada, cantando, tocando, escrevendo. Há vozes muito bonitas que vão fazer história”, afiançou Jorge Fernando.

O músico advertiu que a procura, no fado, por cantar “os grandes poetas, para agradar aos críticos”, deve ter em conta que “há poetas que são para ser lidos e não cantados”.

“A música é um bálsamo para as pessoas”, alertou.

“Fiz exatamente aquilo que queria", disse sobre o seu percurso de 50 anos. "Muitas pessoas dizem-me que passei ao lado de uma grande carreira, mas para chegarmos a certo ponto, temos de fazer muitos sacrifícios e [ter] muita perda de coisas que fazem parte de nós. Eu quis ser feliz, experimentei tudo o que queria ter experimentado, e chegarei ao fim da minha vida com a nobreza para a qual acho que vim que foi trazer música, ter servido a música e o fado, mas também eu ter sido eu”.

Jorge Fernando garantiu que nunca quis ser outra coisa além de ser “o viola que canta”.

O músico situa o começo de carreira aos 18 anos, quando obteve a carteira profissional, que lhe permitia atuar nas casas de fado e em espetáculos. Mas a sua relação com música começou muito antes, quando acompanhava o avô - que era viola -, aos fados.

Jorge Fernando reconhece que trabalhou com “grande parte dos nomes do fado”. A lista é extensa. Inclui Amália, Fernanda Maria, Beatriz da Conceição, Argentina Santos, Maria da Fé, Lenita Gentil, Maria da Nazaré, Cidália Moreira, Fernando Maurício, António Rocha, Manuel de Almeida, muitos outros. À parte Carlos do Carmo e sua mãe, Lucília do Carmo, de quem gosta muito, estão lá todos.

“Um leque enorme de gente que contribuiu para o meu crescimento e me ajudou a sentir que valeu a pena ter vindo para o fado”.

Jorge Fernando, atento aos novos talentos, esteve nos inícios das carreiras de fadistas como Camané, Mariza, Ana Moura, Filipa Cardoso, Anabela, Ricardo Ribeiro, Raquel Tavares, José da Câmara, muitos mais.

O facto de ter começado tão novo levou a estar mais atento a quem iniciava o trilho artístico.

“A vida é uma partilha, é um facto indesmentível, quem não o perceber está fora da vida. Então por que é que música não o pode ser? E, se por acaso, nasci com algumas capacidades de escrever algumas coisas, de tocar, ou se eu fizer com que o ensinamento que recebi dos mais antigos, passe a novas gerações”, tanto melhor.

Jorge Fernando referiu-se a si mesmo como “uma espécie de ponte”, alguém com uma “vontade em partilhar” que o faz “procurar e estar atento” ao que está ao seu redor.

Os bilhetes para o espetáculo “Tantos Fados Deu-me a Vida” podem ser adquiridos aqui. Ainda há lugares disponíveis com bilhetes entre os 17.50 e os 32.50 euros.