A ideia surgiu quando participou na primeira edição do festival literário Rota das Letras, em Macau, onde este ano é novamente convidado: “Há cinco anos estive em Macau e tive a ideia de fazer um romance que tocasse em Macau durante a II Guerra Mundial”, disse à Lusa.
Apesar de este romance não pertencer ao que chama a ‘Trilogia de Lótus’ – “Flor de Lótus” (2015), “O Pavilhão Púrpura” (2016) e “Reino do Meio” (a publicar este ano) –, foi ele que a fez nascer: “A trilogia é uma coisa, o romance em Macau há de ser uma coisa diferente. O que é interessante aqui, penso eu, é que a trilogia tem origem na ideia de fazer um romance em Macau. No fundo, a ‘Trilogia de Lótus’ aborda personagens da Ásia, um japonês, uma chinesa, um português, uma russa. É toda uma dinâmica que depois, obviamente, vai ter de desembocar em Macau”.
Tal como todos os seus romances, “A Porta do Cerco” – inspirado no nome da principal fronteira terrestre entre Macau e a China, chamada Portas do Cerco – será alicerçado em factos históricos e centrado num século que o jornalista considera “muito interessante” por ser “de conflitos de ideologias”.
“De um lado os socialismos, do outro lado o liberalismo. E os próprios socialismos se dividiram, entre socialismos internacionalistas e socialismos nacionalistas, os chamados fascismos. Essas ideias todas entram em confronto durante o século XX e não foi só na Europa, foi também na Ásia, e portanto é interessante ver como essas ideias influenciaram a vida de cidadãos comuns, como é que elas emergiram”, afirmou.
Em Macau, diz, a questão não é tanto “do ponto de vista do conflito ideológico”, mas “o problema dos refugiados, dos japoneses que ficam às portas da cidade, que controlam a entrada dos abastecimentos, da comida".
"Há um conjunto de problemas que se criam quando isso acontece”, explicou.
Sobre o livro em particular, no qual já está a trabalhar, o autor diz não poder “revelar muito”: “É um bocado estranho falar de um livro que ainda vai levar um ‘tempão’ a sair. Foi oportuno explicar, uma vez que estou em Macau, que isto vai acontecer, mas não me é oportuno falar em termos gerais. Vai levar algum tempo”.
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